PAC. Bruxelas propõe suspensão temporária para produção de mais cereais

A Comissão Europeia propôs hoje uma derrogação temporária a curto prazo de certas regras da Política Agrícola Comum (PAC) para aumentar a produção de cereais, estimando uma retoma de 1,5 milhões de hectares para aumentar a segurança alimentar global.

Notícia

© IONUT IORDACHESCU/AFP via Getty Images

Lusa
22/07/2022 17:35 ‧ 22/07/2022 por Lusa

Economia

Ucrânia/Rússia

"Na sequência de um pedido dos Estados-membros da UE, a Comissão propõe hoje uma derrogação temporária a curto prazo das regras sobre rotação de culturas e manutenção de características não produtivas nas terras aráveis", indica a instituição em comunicado.

Ressalvando que "o impacto de tal medida dependerá da escolha feita pelos Estados-membros e pelos agricultores, mas irá maximizar a capacidade de produção da UE de cereais destinados a produtos alimentares", Bruxelas estima que, em comparação com a situação atual, "a produção deverá voltar a ser de 1,5 milhões de hectares".

"Cada tonelada de cereais produzidos na UE ajudará a aumentar a segurança alimentar a nível mundial", destaca a Comissão Europeia, no dia em que envia a proposta aos Estados-membros da UE para, depois, ser formalmente adotada.

Em causa estão normas referentes a Boas Condições Agrícolas e Ambientais (BCAA), que devem ser respeitadas pelos beneficiários de pagamentos diretos em matéria de ambiente, alterações climáticas, boas condições agrícolas e ambientais dos solos, saúde pública, saúde animal, fitossanidade e bem-estar dos animais.

A proposta de Bruxelas é uma "derrogação é temporária, limitada ao ano 2023, e restrita ao estritamente necessário para abordar as preocupações de segurança alimentar global, surgidas devido à agressão militar russa contra a Ucrânia, excluindo assim a plantação de culturas que são tipicamente utilizadas para alimentar animais", como o milho e a soja, explica a instituição.

Argumentando que "o sistema alimentar mundial enfrenta fortes riscos e incertezas decorrentes, em particular, da guerra na Ucrânia, onde num futuro próximo também poderão surgir questões de segurança alimentar", a Comissão Europeia garante ainda estar em causa um "equilíbrio cuidadoso entre, por um lado, a disponibilidade global de alimentos e a sua acessibilidade, e, por outro, a proteção da biodiversidade e da qualidade do solo".

A proposta é divulgada no dia em que a Ucrânia e a Rússia assinaram acordos para desbloquear a exportação de toneladas de cereais retidos nos portos do Mar Negro, na Ucrânia.

Os acordos surgem numa altura em que a ofensiva militar russa na Ucrânia dura há quase cinco meses.

Os confrontos levaram ao bloqueio das exportações nos portos ucranianos, um cenário de tensão geopolítica que está a afetar as cadeias de abastecimento e a causar receios de rutura de 'stocks' e de crise alimentar.

Tanto a Ucrânia como a Rússia são importantes fornecedores dos mercados mundiais, especialmente de cereais e óleos vegetais, como trigo, cevada e milho.

Estima-se que milhões de toneladas de trigo estejam retidas na Ucrânia, sendo que a exportação habitual ucraniana neste setor era de cinco milhões de toneladas de trigo por mês.

Para a vizinhança da UE, no norte de África e no Médio Oriente, tanto a disponibilidade como a acessibilidade de preços estão em risco no que toca ao trigo, o alimento básico, o que também acontece na Ásia e na África subsaariana.

O norte de África e o Médio Oriente importam mais de 50% das suas necessidades de cereais da Ucrânia e da Rússia.

Leia Também: Turquia diz estar pronta para ajudar à desminagem do mar Negro

Partilhe a notícia

Produto do ano 2024

Descarregue a nossa App gratuita

Oitavo ano consecutivo Escolha do Consumidor para Imprensa Online e eleito o produto do ano 2024.

* Estudo da e Netsonda, nov. e dez. 2023 produtodoano- pt.com
App androidApp iOS

Recomendados para si

Leia também

Últimas notícias


Newsletter

Receba os principais destaques todos os dias no seu email.

Mais lidas