O ministro do Ambiente, Duarte Cordeiro, disse esta terça-feira que não se pode resolver o problema no setor do gás ao criar outro no setor elétrico e adiantou que a proposta que está agora em cima da mesa para reduzir o consumo de gás já responde a algumas questões levantadas por Portugal.
"Esta última proposta já responde a algumas das questões que temos vindo a levantar, vamos esperar para ver se é a última proposta", disse Duarte Cordeiro, à entrada da reunião entre os ministros da Energia da União Europeia (UE), em declarações transmitidas pela RTP3.
O ministro do Ambiente português reiterou, contudo, que a "solidariedade de Portugal sempre esteve e estará presente", mesmo depois de o Executivo ter recusado a proposta da Comissão Europeia de reduzir o consumo de gás em 15% até à primavera.
"Não podemos procurar resolver um problema, que é uma crise de gás, ao criar um problema e uma crise no sistema elétrico. Por condições de natureza climatérica temos uma redução da produção de energia hídrica no nosso país e o gás, neste momento, é necessário para garantir a segurança no setor elétrico", disse Duarte Cordeiro.
O ministro do Ambiente adiantou ainda que "Portugal sinalizou que através do Porto de Sines, através da exportação de gás, podemos aumentar a solidariedade com outros países europeus e colocar o gás onde o gás é necessário".
Os ministros da Energia da UE vão tentar hoje um consenso sobre a meta para reduzir 15% do consumo de gás até à primavera, após novas exceções para abranger a "situação geográfica ou física" dos países.
Dias depois de a Comissão Europeia ter proposto uma meta para toda a UE de redução do consumo de gás em 15% entre agosto e abril de 2023, por temer uma rutura no fornecimento russo à Europa este inverno, os ministros da tutela vão discutir, em Bruxelas, medidas coordenadas para diminuição da procura, após a oposição inicial de países como Portugal e Espanha, nomeadamente pela falta de interconexão energética com o resto da Europa.
O documento agora em cima da mesa já contém alterações face à proposta do executivo comunitário e, segundo a versão discutida na segunda-feira pelos embaixadores junto da UE na reunião preparatória deste Conselho de Energia, está agora previsto que certos países possam "ter a possibilidade de solicitar uma derrogação da obrigação de redução da procura obrigatória", num cenário de emergência.
A proposta, a que a Lusa teve acesso, especifica que tal derrogação se aplica a "certos Estados-membros, devido à sua situação geográfica ou física específica", tais como com elevada dependência da produção de eletricidade a partir do gás, falta de sincronização com a rede elétrica europeia ou ainda falta de interconexão direta no gás.
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