AdC acusa SIBS de abuso de posição dominante no setor dos pagamentos

A Autoridade da Concorrência (AdC) acusou hoje a SIBS de abuso de posição dominante no setor dos pagamentos, por fatos ocorridos entre pelo menos fevereiro de 2019 e outubro de 2021.

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Lusa
28/07/2022 16:28 ‧ 28/07/2022 por Lusa

Economia

Pagamentos

"A Autoridade da Concorrência (AdC) adotou uma Nota de Ilicitude (comunicação de acusação) contra um grupo empresarial por uma prática de vendas ligadas, passível de restringir a concorrência e a inovação no setor dos serviços de pagamento", refere o supervisor em comunicado.

A entidade liderada por Margarida Matos Rosa explica que após a investigação concluiu que "existem indícios fortes de que o acesso a um conjunto importante de serviços (serviço primário) foi condicionado à contratação de outros serviços distintos (serviço secundário) junto do mesmo grupo empresarial, sem que fosse dada possibilidade de contratar apenas o acesso ao conjunto de serviços pretendido".

Segundo a ficha do processo consultado pela Lusa, o grupo em causa é SIBS.

"Foram identificados indícios fortes de que o acesso aos sistemas de pagamento do Grupo SIBS (esquema MB e serviços Multibanco) foram sujeitos por esta entidade à obrigação de contratar também os serviços de processamento ao Grupo SIBS", pode ler-se.

Em relação à SIBS Pagamentos, SIBS Processos, SIBS Internacional e SIBS Gest a AdC considerou que "não existe uma possibilidade razoável de vir a ser proferida uma decisão condenatória", arquivando o processo.

No entanto, em relação à SIBS SGPS, SIBS Forward Payment Solutions e SIBS Cartões considerou que "existe uma possibilidade razoável de vir a ser adotada uma decisão condenatória", pelo que adotou uma Nota de Ilicitude.

"O acesso aos serviços em causa, pretendido pelos potenciais clientes deste grupo empresarial, é necessário para que esses clientes possam disponibilizar determinados serviços de pagamento aos consumidores finais", aponta a AdC, em comunicado.

Na mesma fonte de informação, o supervisor assinala que "o grupo empresarial é a única entidade que disponibiliza o acesso ao conjunto de serviços de pagamento pretendidos pelos potenciais clientes".

"Da investigação preliminar da AdC resultou ainda indiciado que os serviços em causa poderiam ser fornecidos separadamente; o grupo empresarial tinha incentivos para condicionar o acesso ao serviço primário à contratação do serviço secundário, e fê-lo com o objetivo de restringir a concorrência; o condicionamento é suscetível de ter resultado em efeitos restritivos da concorrência", explica.

"A confirmarem-se, os comportamentos que a AdC investigou -- e que ocorreram entre, pelo menos, fevereiro de 2019 e outubro de 2021 -- são passíveis de colocar entraves a esta evolução no setor, restringindo a concorrência e a inovação nos mercados em causa", refere.

A AdC salienta que a Nota de Ilicitude, adotada hoje, "não determina o resultado final da investigação", uma vez que nesta fase do processo, é dada a oportunidade às visadas de exercerem os seus direitos de audição e defesa.

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