Na atualização das previsões económicas mundiais, divulgadas hoje, o FMI prevê que o crescimento da zona euro desacelere de 5,2% em 2021 para 3,1%, o que ainda assim representa uma melhoria de 0,5 pontos percentuais (pp.) face às previsões divulgadas em julho, devido a um crescimento mais forte do que o projetado no segundo trimestre na maioria das economias do bloco.
Contudo, para o próximo ano está mais pessimista, estimando uma expansão do Produto Interno Bruto (PIB) de 0,5%, menos 0,7 pp. do que previa anteriormente.
A instituição assinala que a desaceleração do crescimento nos países da moeda única é menos pronunciada do que nos Estados Unidos em 2022, mas deverá aprofundar-se em 2023.
Ainda assim, destaca que a média para a zona euro "esconde heterogeneidade entre os países", apontando como exemplo que em Itália e Espanha se regista uma recuperação nos serviços relacionados com o turismo e a produção industrial no primeiro semestre de 2022 contribuindo para o crescimento projetado de 3,2% e 4,3%, respetivamente, em 2022.
No entanto, alerta, o crescimento em ambos os países deve desacelerar acentuadamente em 2023, com Espanha a crescer 1,2% e Itália a registar uma contração de -0,2%.
Para a Alemanha, o FMI prevê um crescimento de 1,5% este ano e uma recessão de 0,3% em 2023.
O FMI explica que o crescimento mais fraco na zona euro reflete os efeitos da guerra na Ucrânia, nomeadamente nas economias mais expostas aos cortes do gás russo, mas também o impacto das alterações de política monetária do Banco Central Europeu (BCE), com os aumentos das taxas de juro.
"A invasão da Ucrânia pela Rússia continua a desestabilizar a economia global. Além da escalada e destruição sem sentido de vidas e meios de subsistência, levou a uma grave crise energética na Europa que está a aumentar drasticamente os custos de vida e a dificultar a atividade económica", salienta.
O FMI assinala que os preços do gás na Europa aumentaram mais de quatro vezes desde 2021, com a Rússia a cortar entregas para menos de 20% dos níveis de 2021, aumentando a perspetiva de escassez de energia no próximo inverno e além disso.
Salienta ainda que o conflito também fez subir os preços dos alimentos nos mercados mundiais, apesar da recente flexibilização após o acordo de cereais do Mar Negro, provocando dificuldades para famílias menores rendimentos a nível global.
O FMI manteve hoje a perspetiva de crescimento global deste ano em 3,2%, mas cortou, em 0,2 pp. face a julho, a do próximo ano para 2,7%.
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