Voos noturnos? Governo admite "impacto", mas lembra que são seis semanas

O ministro das Infraestruturas admitiu hoje que a exceção para voos noturnos no aeroporto de Lisboa tem "impacto na vida das pessoas", mas apontou que se trata de um período de seis semanas, para migração do sistema de navegação aérea.

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Lusa
19/10/2022 16:24 ‧ 19/10/2022 por Lusa

Economia

Voos noturnos

 

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"O que está a ser feito é a migração do sistema de navegação aérea, o sistema de controlo de tráfego aéreo da NAV tem de ser substituído por outro e isso tem implicações, já está a ter, ontem [terça-feira] nós tivemos uma percentagem brutal de cancelamentos e de atrasos", começou por responder o ministro das Infraestruturas e da Habitação, Pedro Nuno Santos, à deputada Paula Santos, do PCP.

Pedro Nuno Santos lembrou que se trata de uma medida excecional, embora tenha admitido impacto na vida das pessoas, e frisou que se trata de um período de seis semanas.

Na audição do governante, no âmbito da comissão parlamentar de Economia, Obras Públicas, Planeamento e Habitação, Paula Santos questionou o ministro sobre a decisão do Governo de permitir mais voos noturnos no aeroporto Humberto Delgado, entre 18 de outubro e 28 de novembro, para mudar o sistema de gestão de tráfego aéreo, apesar do parecer negativo dos ambientalistas e acusou o Governo de proteger os interesses da ANA -- Aeroportos de Portugal, que pertence à multinacional francesa Vinci.

"Não é proteger os interesses da Ana, é mesmo, para já da conectividade do país [...] e depois da própria TAP", defendeu o ministro, referindo-se aos atrasos nos voos cuja culpa é atribuída à companhia aérea, uma situação que o novo sistema de controlo de tráfego aéreo poderá ajudar a melhorar.

O governante explicou que a migração do sistema de tráfego aéreo tem implicações nos movimentos no aeroporto e, por isso, foi preciso determinar um período de seis semanas para "diminuir ao máximo o impacto no funcionamento do aeroporto" Humberto Delgado.

A NAV Portugal migrou na terça-feira para o novo sistema de gestão de tráfego aéreo, o Topsky, após mais de dois anos de preparação, destacando que a tecnologia "mais eficiente e sustentável" vai permitir, "a prazo", recuperar atrasos.

"Hoje migrámos para um novo sistema de gestão de tráfego aéreo: o inovador Topsky vai reforçar ainda mais o nosso impacto para um mundo mais eficiente e sustentável. Permite-nos reforçar a segurança da nossa atividade, com mais tecnologia que suporta a nossa equipa para melhores e mais rápidas decisões", referiu a prestadora de serviços de tráfego aéreo, em comunicado.

Adicionalmente, a NAV apontou que o novo sistema melhora também a "capacidade para otimizar rotas e a prazo recuperar atrasos, e assim contribuir para poupar combustível e reduzir a pegada de carbono".

O limite de voos noturnos que vigora em Lisboa foi derrogado por uma portaria publicada na segunda-feira, permitindo a operação de aeronaves no Aeroporto Humberto Delgado entre as 00:00 e as 02:00 e entre as 05:00 e as 06:00, com limites semanais.

Na primeira semana, entre 18 e 23 de outubro, os voos não podem exceder 168, na segunda semana 86 voos, na terceira 75, na quarta 45, na quinta 30 e na última semana, entre 21 e 28 de novembro, mais 20 voos.

O projeto TopSky, comum a mais outros seis países e coordenado pelo Eurocontrol, foi apresentado pela NAV em 2019 e prevê um investimento de 103,8 milhões de euros, até 2023.

Na segunda-feira, o PAN propôs a revogação daquela portaria e a Zero, a Quercus e a Geota reclamaram "medidas compensatórias para os cidadãos de Lisboa e Loures, os quais devem ser imediatamente ressarcidos pela pena adicional a que vão ser sujeitos durante as próximas seis semanas".

Na terça-feira, o Bloco de Esquerda propôs a proibição dos voos noturnos e a limitação de jatos privados em Portugal.

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