De acordo com um decreto-lei hoje publicado, "a ocorrência de circunstâncias absolutamente imprevisíveis, a pandemia da doença covid-19 e, mais recentemente, a guerra na Ucrânia, e as respetivas consequências ao nível da economia mundial e europeia, que se traduziram, nomeadamente, na escassez de matérias-primas, que gerou, por sua vez, o aumento muito significativo do preço dos equipamentos e dificuldades na sua disponibilização, bem como o aumento das taxas de juro e inflação" originaram "efeitos de tal modo impactantes que conduziram à inviabilidade da atribuição do financiamento dos projetos decorrentes dos leilões de pontos de injeção na Rede Elétrica de Serviço Público para produção de eletricidade de fonte solar".
Assim, "estas circunstâncias, que decorrem de uma conjugação de eventos absolutamente excecionais e imprevisíveis à data da realização do procedimento concorrencial", em conjunto com as "baixíssimas tarifas conseguidas, uma das quais foi a mais baixa do mundo à data, ditaram a inviabilidade do financiamento bancário destes projetos", explicou o Governo.
O executivo alertou ainda que "os projetos referentes a 2019 já dispõem de licenças de produção emitidas, avaliação de impacte ambiental realizada, nos casos em que é devida, e estão em condições de iniciar a respetiva instalação, pelo que não podem, no contexto atual e sem grave prejuízo público, deixar de se concretizar".
Por isso, "e à semelhança de outros países, como França, o presente decreto-lei assegura as condições adequadas à concretização destes projetos, imprescindíveis para o país, mediante o prolongamento do período experimental e atualizando o valor da inflação desde a data da adjudicação até à data da entrada em exploração do centro eletroprodutor".
Paralelamente, lê-se no diploma, este contexto afetou "também os procedimentos concorrenciais subsequentes, pelo que importa adotar medidas adequadas que abranjam todos os procedimentos já realizados".
O leilão de energia solar de 2019 contou com 64 concorrentes, tendo a procura sido nove vezes superior à oferta, fechando com um valor médio de 20 euros por megawatt/hora (MWh), disse à Lusa, nessa altura, o então ministro da Transição Energética, João Pedro Matos Fernandes.
O governante referiu que o valor médio alcançado foi de 20 euros MWh, menos de metade do preço base de licitação (45 euros MWh), realçando que foi batido "um recorde mundial", ao vender um lote por 14,76 euros por MWh.
"Essa grande procura refletiu-se no preço: batemos um recorde do mundo num dos lotes, e os preços médios são os mais baixos da Europa", sublinhou.
Matos Fernandes afirmou ainda que os projetos iriam avançar de imediato, representando um investimento de cerca de 800 milhões de euros.
Entre os vencedores estiveram a francesa Akuo e a Iberdrola.
Leia Também: GreenVolt constrói cinco novos parques solares em Portugal