Por volta das 07h40 TMG, o dólar valia 149,92 ienes, depois de ter ultrapassado brevemente os 150 ienes, um novo mínimo desde agosto de 1990, numa altura de uma divergência crescente entre as políticas monetárias dos EUA e do Japão.
O iene perdeu mais de 30% do valor em relação ao dólar desde o início do ano, uma vez que o Banco do Japão (BOJ) mantém as taxas de juro próximas de zero para apoiar o crescimento no Japão, dizendo que as condições não são adequadas para apertar o crédito.
O BOJ "quer encorajar um pouco de inflação: quer encorajar salários mais altos, com base no facto de que isto irá acelerar a procura interna e a rentabilidade das empresas japonesas, fechando o ciclo da inflação salarial", disse Jane Foley, estratega da moeda no Rabobank, à AFP.
A recuperação económica pós-pandemia no arquipélago permanece lenta e a inflação japonesa, mesmo que também acelere (2,8% em agosto ao longo de um ano, excluindo os produtos frescos, um novo recorde desde 2014), permanece muito abaixo dos níveis observados nos Estados Unidos e na Europa e deverá recuar já em 2023, de acordo com o BOJ.
Em contraste, a Reserva Federal dos EUA (Fed) está tem estado a aumentar constantemente as taxas de juro para refrear a inflação galopante nos EUA.
Com o iene a continuar a cair, os analistas esperam uma nova intervenção no mercado cambial por parte do Governo japonês, que já agiu no final de setembro - quando o dólar se aproximava dos 146 ienes - para apoiar a sua moeda pela primeira vez desde 1998.
Esta intervenção foi estimada em quase 20.000 milhões de dólares.
Mas "a intervenção é difícil para o Governo porque normalmente só funciona se os fundamentos (económicos) estiverem na mesma direção", o que não é o caso numa altura em que o aumento do dólar é alimentado pelo aumento das taxas de juro dos EUA.
Os economistas também não excluem a possibilidade de uma "intervenção discreta" do Governo japonês, numa escala suficientemente pequena para não ser detetada.
Um alto funcionário do ministério das Finanças japonês disse no mês passado que tal método se encontrava entre as opções.
O Japão "absolutamente não pode" tolerar movimentos monetários excessivos impulsionados pela especulação, disse hoje o ministro das Finanças japonês, Shunichi Suzuki.
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