"Absurdo". Posição do PSD sobre interconexões "revela desconhecimento"
O ministro do Ambiente e da Ação Climática foi mais longe, acusando o PSD de mostrar "ausência de preocupação com aquilo que é o interesse nacional".
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Economia Gasoduto
Perante as críticas ao acordo alcançado entre Portugal, Espanha e França para acelerar as interconexões ibéricas, Duarte Cordeiro, ministro do Ambiente e da Ação Climática, apontou o dedo diretamente ao Partido Social Democrata (PSD), considerando que as declarações do seu vice-presidente, Paulo Rangel, revelam “desconhecimento”, assim como “ausência de preocupação com aquilo que é o interesse nacional”.
“As pessoas falam sem saber do que é que estão a falar. Há uma enorme desinformação, as pessoas gostam de falar. [Vindo] do PSD é um bocadinho estranho, porque por um lado dizem que desconhecem o acordo, e por outro lado sentem-se completamente à vontade para o caracterizar, dizer que é insuficiente, que não serve o país. Ou desconhecem o acordo e deviam poupar-se a fazer grandes considerações, ou, conhecendo o acordo, dão a sua opinião fundamentada”, lançou, em declarações à SIC Notícias, este sábado.
Duarte Cordeiro vai mais longe, considerando que “é um absurdo aquela declaração do eurodeputado Paulo Rangel, quando quer colocar uma dicotomia entre o gasoduto e Sines”, argumentando que “o gasoduto valoriza Sines e valoriza a possibilidade de produzirmos gás renovável e de aproveitarmos o gasoduto para a exportação”, assim como “utilizar Sines para a exportação de hidrogénio por barco”.
Acima de tudo, o mais importante para o ministro é que o país tenha “várias alternativas, como os países desenvolvidos têm”, pelo que o acordo representa, na sua ótica, uma “grande vitória para o país”.
“É um bocadinho uma desilusão esta posição que o PSD assume, [porque] revela desconhecimento e sente-se à vontade para comentar o projeto [com] erros técnicos naquilo que refere. Há aqui uma ausência de preocupação com aquilo que é o interesse nacional, que é desbloquear um projeto que estava há muitos anos para ser feito e a possibilidade de criar alternativas para Portugal”, atirou.
O responsável reiterou que a iniciativa custará entre 200 e 300 milhões de euros, salientando que este entendimento com Espanha e França permitirá, entre outras questões, a recuperação da classificação de projeto de interesse comum, e a “possibilidade de procurar inscrever o projeto para financiamento europeu”.
Contudo, mesmo que a REN tenha de pagar o lado português, o ministro garantiu que o acordo “é sempre vantajoso para Portugal”, uma vez que permite “repartir um pouco aquilo que é as origens de eventuais fornecimentos de gás” ao país, além de abrir portas à exportação.
“Um dos ensinamentos que devemos tirar desta guerra é a excessiva dependência que a Europa tinha de um conjunto de fornecedores de Leste, e as oportunidades que perde por não ter ligações a Sul”, complementou.
De notar que o eurodeputado Paulo Rangel considerou que o acordo anunciado por António Costa é mau, argumentando que Portugal perdeu na eletricidade e no gás face a França e Espanha.
Por seu turno, o presidente da Iniciativa Liberal (IL), João Cotrim Figueiredo, manifestou também dúvidas sobre o projeto, desde logo quanto ao financiamento e questões técnicas.
Recorde-se que os governos de Portugal, França e Espanha alcançaram, na quinta-feira, um acordo para acelerar as interconexões ibéricas, abandonando o projeto destinado apenas ao gás em detrimento de outro que prevê um gasoduto marítimo para transportar também hidrogénio 'verde'.
António Costa, Pedro Sánchez e Emmanuel Macron decidiram avançar com um ‘Corredor de Energia Verde’ por mar, entre Barcelona e Marselha (BarMar), ao invés de uma travessia pelos Pirenéus (MidCat).
O calendário, as fontes de financiamento e os custos associados serão debatidos num novo encontro a três em dezembro, em Alicante, Espanha.
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