Desde que, em fevereiro passado, a Rússia lançou uma ofensiva militar na Ucrânia, Bruxelas tem revisto em baixa as perspetivas de crescimento económico, e neste outono deverá voltar a fazê-lo, face às anteriores projeções intercalares do verão, divulgadas a 14 de julho, e que apontavam para um crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) da zona euro de 2,6% este ano e 1,4% no próximo (e de 2,7% e 1,5% para a União Europeia, respetivamente em 2022 e 2023).
Face aos desenvolvimentos dos últimos meses, a Comissão Europeia deverá voltar a ter de rever em baixa as projeções do ritmo de crescimento económico para a zona euro e para o conjunto da União, alinhando-as com as de outras instituições internacionais, que já projetam uma evolução do PIB na Europa no próximo ano abaixo das previsões de verão de Bruxelas.
Há um mês, o Fundo Monetário Internacional (FMI) previu que a economia da zona euro cresça 3,1% este ano, mas apenas 0,5% em 2023, prevendo uma recessão na Alemanha e Itália, enquanto, em projeções divulgadas em finais de setembro, a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) projetou números semelhantes, apontando para um crescimento do PIB no espaço monetário único de 3,1% em 2022 e de somente 0,3% no próximo ano.
Na passada segunda-feira, depois de uma reunião do Eurogrupo, em Bruxelas, o comissário europeu da Economia, Paolo Gentiloni, admitiu que os indicadores macroeconómicos e sentimento económico apontam para "uma contração da atividade económica" no inverno.
Com a inflação a bater ao longo dos últimos meses sucessivos recordes na zona euro, a projeção deste indicador é também aguardada com particular expectativa.
Nas previsões de verão, a Comissão antecipou que a inflação atingisse este ano "máximos históricos", de 7,6% na zona euro e de 8,3% na União Europeia (UE) -- no que constituiu também uma nova revisão em alta, 'puxada' pelos preços da energia e dos alimentos -, antes de abrandar, em 2023, para 4% no espaço da moeda única e 4,6% no conjunto dos 27 Estados-membros.
Também neste caso, Bruxelas poderá ter de atualizar as suas projeções, neste caso em alta, face a uma subida dos preços ainda mais acentuada do que o anteriormente previsto. O FMI antecipou em outubro que a inflação na zona euro atinja 8,3% este ano, caindo para 5,7% no próximo, enquanto a OCDE projeta uma inflação no espaço da moeda única de 8,1% este ano e de 6,2% no próximo.
Relativamente a Portugal, em julho passado o executivo comunitário reviu em alta a projeção do crescimento do PIB português para este ano, para 6,5%, colocando o país como o que regista a maior expansão, mas manifestou-se mais pessimista para 2023 e 'cortou' as perspetivas de crescimento para 1,9% (quando na primavera antecipava 2,7%).
Na proposta a proposta de Orçamento do Estado para 2023 (OE2023), que elaborou e apresentou em outubro, o Governo prevê que a economia portuguesa cresça 6,5% este ano e 1,3% em 2023, mas no início do corrente mês o ministro das Finanças, Fernando Medina, já admitiu que a economia portuguesa poderá crescer ainda mais do que o previsto em 2022, avançando 6,7%.
As previsões macroeconómicas da Comissão Europeia serão apresentadas hoje pelo comissário Gentiloni no 'quartel-general' do executivo comunitário, em Bruxelas, às 11:00 locais, 10:00 de Lisboa.
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