Os responsáveis do Metro foram hoje ouvidos pela 8.ª Comissão Permanente da Assembleia Municipal de Lisboa sobre a expansão da Linha Vermelha do Metropolitano, entre São Sebastião e até a futura estação de Alcântara, com base em três petições de moradores de Campo de Ourique ("Metropolitano em Campo de Ourique, Sim, Estação no Jardim da Parada Não"; "Obras do Metro em Campo de Ourique"; "Metro no Jardim da Parada"), que contestam as obras e/ou a construção de uma futura estação do metropolitano no Jardim da Parada, no centro da freguesia lisboeta.
Vítor Domingos dos Santos, presidente do Metropolitano, salientou que a localização da futura estação no Jardim da Parada é a que dá maiores garantias de entre todas as que foram estudadas e que a localização do estaleiro das obras "corresponde a uma criteriosa escolha entre os espaços existentes, as necessidades mínimas para a construção, bem como a redução ao mínimo possível da perturbação não só do jardim, mas também das habitações circundantes".
Domingos dos Santos destacou também que o custo de reverter a solução para a expansão da Linha Vermelha é de 350 milhões, a verba destinada ao projeto no Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).
"Qual seria o custo do reverter esta decisão? Seria perder 350 milhões de euros, que é a verba que está dotada no PRR para este projeto. E eu continuo a dizer, como já disse na minha intervenção inicial, que esta solução corresponde, de facto, à melhor solução da ligação de São Sebastião a Alcântara. Todos os estudos, todos os trabalhos que nós fizemos, a conclusão de todos os diversos passos que fizemos foram para aí", afirmou.
Jaime Alves, gestor do projeto de expansão da Linha Vermelha a Alcântara, lembrou também que, no âmbito do PRR, o financiamento e o prazo de execução do projeto está "muito delimitado no tempo" até dezembro de 2026.
"Alterações substanciais nas opções tomadas até agora têm como impacto o não cumprimento das metas que estão fixadas. E, portanto, pensamos nós que a solução não é a alteração dos pressupostos e das opções assumidas. É sim no reforço, no trabalho conjunto que todos teremos que fazer, quer no momento prévio ao lançamento do concurso, quer durante o tempo de acompanhamento da execução da obra, no sentido de uma constante procura das melhores soluções e da mitigação dos impactos que possam acontecer", reforçou.
Quanto a eventuais problemas para os moradores de Campo de Ourique, e para as árvores do Jardim da Parada, salientou que as intervenções terão "um espaço de reserva de proteção com um diâmetro aproximado de 20 metros", pelo que os "trabalhos não entram na zona de reserva de proteção das árvores de interesse público".
Segundo o responsável, a percentagem de ocupação dos estaleiros na superfície corresponde a cerca de 15% do jardim, pelo que "todo o demais Jardim da Parada não é afetado e pode permanecer com a sua atividade normal".
"A perturbação maior é, efetivamente, a construção do poço de acesso à obra, que é um poço vertical, terá cerca de 30 metros de profundidade e depois toda a agitação é feita pela escavação mineira. Toda a caverna da estação é feita no subterrâneo. Não há obras à superfície", afirmou, sublinhando que o local foi escolhido precisamente pela "minimização de impactos e perturbação o menos possível sobre a vida do bairro" e do edificado e por ter, simultaneamente, "uma posição de centralidade" para servir a população da freguesia.
Jaime Alves destacou ainda que a estação apresenta uma posição que "permite viabilizar simultaneamente a estação Campolide - Amoreiras e a Estação Infante Santo", localizadas antes e depois no futuro trajeto da Linha Vermelha.
"Temos que olhar para a linha, temos que olhar para todas as condicionantes e restrições da linha e só assim conseguimos perceber se efetivamente a localização das estações é aquela que faz mais sentido. Ao isolá-las, distorcemos a análise", considerou.
O presidente do Metropolitano explicou que, após a conclusão da fase de estudo de viabilidade - e antes de a solução ser apresentada ao Governo -, a localização exata das estações foi objeto de várias reuniões entre o Metropolitano e a Câmara, em meados de novembro 2020 e durante 2021, além de encontros com diversas entidades, como a Agência Portuguesa do Ambiente e a Direção-geral do Património Cultural, entre outras.
Vítor Domingos dos Santos salientou ainda que no início de 2022, nos meses de janeiro, fevereiro e março, foram realizadas reuniões com os executivos da Junta de Freguesias de Alcântara, Campo de Ourique, Estrela, Santo António e Campolide para a apresentação e esclarecimentos sobre o projeto, que esteve em consulta pública entre 21 de abril e 02 de junho 2022.
Já após esse período de consulta pública, foram realizadas sessões públicas de esclarecimento com os moradores das freguesias envolvidas, "explicando as soluções escolhidas e a sua justificação e respondendo a todas as questões colocadas".
A documentação que sustenta as escolhas está ainda disponível nos 'sites' da APA e do Metro, disse.
"Cremos que o projeto da Linha Vermelha é um projeto relevante para o lado ocidental de Lisboa. Os estudos de procura efetuados assim o justificam. Do mesmo modo a análise custo benefício provam a grande relevância económica do nosso projeto, com valor económico muito acima do dobro do atual valor do investimento", considerou.
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