Num comunicado em que comentou os números nacionais da emigração relativos a 2021, revelados pelo Observatório da Emigração, a entidade recordou que saíram do país mais 60.000 pessoas, lembrando ainda que em 2019 foram 80.000.
"Nos últimos dez anos a média foi de 90 mil pessoas por ano", destacou.
De acordo com a organização, "estes números refletem provavelmente apenas uma parte do número de portugueses que ficou indisponível para o mercado de trabalho português pois já não é preciso emigrar para sair de Portugal", indicou, explicando que "a aceitação e adoção mais generalizada do trabalho remoto estará a mascarar as estatísticas de emigração".
"É absolutamente urgente encontrar soluções para atrair e reter os milhares de profissionais qualificados que são formados em Portugal", referiu, acrescentando que a este desafio "cabe às empresas e ao Estado responder".
"Precisamos de assegurar melhores salários, tanto pelo aumento da remuneração como pela redução da carga fiscal e do custo de vida, melhores oportunidades de carreira e um maior equilíbrio entre vida pessoal e profissional, ou seja, melhores condições de vida", referiu.
A associação BRP está "preocupada com a evolução dos níveis de emigração e com as suas consequências na sociedade, na economia e no país", apontando que "a população emigrante apresenta uma forte preponderância de jovens em idade ativa, o que agrava o 'Inferno Demográfico'" que o "país vive e a falta mão-de-obra que é transversal à economia".
De acordo com a organização, "a emigração qualificada tem aumentado a um ritmo maior do que a pouco qualificada, diminuindo a disponibilidade de jovens talentos com competências superiores e desperdiçando o enorme investimento do país na sua educação", sublinhando que "a fuga desta população ativa representa uma redução da receita fiscal e do consumo".
Isto tem impacto na execução do Orçamento do Estado, na sustentabilidade da segurança social e no mercado interno, lembra a associação.
"Os baixos salários - 42% inferiores à média da União Europeia -, a carga fiscal excessiva e o elevado custo de vida, em particular da habitação nos principais centros urbanos, impedem os jovens de alcançar a sua independência e prejudicam a atratividade do nosso país e motivam a sua saída", realçou a associação BRP.
A entidade destacou que em 2021, "a taxa de desemprego jovem foi de 23%" e que "54% dos contratos de trabalho celebrados eram temporários", adiantando ainda que "em 2019, 30% dos trabalhadores jovens eram sobrequalificados para as funções desempenhadas".
"Os jovens devem ter a oportunidade de ter um futuro de sonho em Portugal", indicou, salientando que para isso é preciso "renovar a ambição e sentido de urgência para a mudança, criando melhores condições para o crescimento económico e a criação de riqueza".
Para a associação, "o Orçamento do Estado para 2023 apresenta medidas que vão na direção certa, como seja o alargamento do IRS Jovem", mas destacou que é preciso mais ambição.
A associação BRP é composta "por 42 líderes de empresas e grupos empresariais relevantes pelo seu valor acrescentado, emprego, investimento e contributo genérico para Portugal", indicou, incluindo grupos como a EDP, o BPI, a Sonae e a Salvador Caetano, entre os seus 42 associados fundadores.
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