Subida dos juros? "Pode afetar ainda mais a economia de muitas famílias"

BCE subiu as taxas de juro e Lagarde avisou que "os cenários atuais" relativos à inflação, sugerem que ainda não chegou o tempo de abrandar o ciclo de subidas". O anúncio de que as taxas vão voltar a subir em março deverá continuar a ter impacto nos orçamentos de algumas famílias.

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Notícias ao Minuto
03/02/2023 08:01 ‧ 03/02/2023 por Notícias ao Minuto

Economia

BCE

O Banco Central Europeu (BCE) decidiu, na quinta-feira, voltar a aumentar as taxas de juro e estes acréscimos ainda não têm fim à vista. Esta decisão deverá continuar a ter impacto nas contas das famílias que têm crédito à habitação com taxa variável.

"Há várias semanas que o mercado intuía a subida que aconteceu hoje na reunião presidida pela Christine Lagarde. O anúncio de novos aumentos nas próximas reuniões são esclarecedores, o que pode afetar ainda mais a economia de muitas famílias com créditos habitação de taxa variável nos próximos meses", referiu Miguel Cabrita, responsável pelo idealista/créditohabitação Portugal, num comentário enviado ao Notícias ao Minuto.

Aliás, a presidente do BCE disse, depois de ter sido tornada pública a decisão, que a intenção de subir novamente as taxas de juro em 50 pontos base em março "não é um compromisso irrevogável" e sugeriu que haverá mais subidas depois.

Lagarde insistiu que são necessários aumentos mais significativos das taxas de juro para que a inflação regresse à meta de 2% fixada pelo BCE. Questionada sobre se depois de março estará concluído o ciclo de subidas, Lagarde disse que não.

Apesar de a decisão não ser irrevogável, "os cenários atuais" relativos à inflação, sugerem que ainda não chegou o tempo de abrandar o ciclo de subidas, apontou. "Sabemos que temos caminho a percorrer, sabemos que não acabou", reafirmou, sobre a trajetória destinada a fazer baixar a inflação para a meta de 2%.

Juros vão ultrapassar os 4%?

Miguel Cabrita considera ainda que "é possível que no primeiro semestre deste ano os juros atinjam, ou até mesmo, possam ultrapassar os 4%, impulsionados por uma inflação subjacente que não permite ser demasiado otimista".

E deixa o alerta: "Apesar de, ao contrário de outros países, muitas entidades bancárias em Portugal serem mais relutantes a conceder novos empréstimos com taxas mistas/fixas ou, então, oferecerem-nos a taxas muito elevadas, este tipo de crédito habitação tem sido cada vez mais frequente entre as novas escrituras. Desde o início da escalada dos juros em julho, a taxa mista surge como uma fórmula escolhida pelas famílias para obter financiamentos com preços mais baixos e estáveis por um período inicial de anos, de forma a se protegerem da incerteza atual."

Desde o início da guerra na Ucrânia, há quase um ano, o BCE tem sido confrontado com uma subida de preços generalizada, o que o levou a começar em julho passado a aumentar as taxas de juro. Enquanto nos Estados Unidos a inflação atingiu o pico em junho de 2022, na zona euro, o aumento dos preços atingiu o nível máximo só em outubro, 10,6%.

Em janeiro, a inflação recuou pelo terceiro mês consecutivo, ficando em 8,5%, mais do que era esperado pelos economistas, o que se deve essencialmente à diminuição dos preços da energia.

Mas a melhoria é relativa, dado que a inflação subjacente, que exclui os preços da energia e dos alimentos, se mantém em 5,2%, o que leva a entidade liderada por Lagarde a considerar que ainda é cedo para moderar o ajustamento monetário.

A economia da zona euro mostrou-se "mais resiliente" do que o previsto a enfrentar a crise energética e a guerra na Ucrânia, afirmou Lagarde, depois de ter sido registado um ligeiro crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 0,1% no quarto trimestre de 2022, devendo escapar a uma recessão.

Leia Também: Diferenças salariais na 'mira' da ACT: Os avisos (e multas) já aplicados

 

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