Governo admite problemas na Transtejo/Soflusa. "Tudo está a fazer"
O ministro do Ambiente reconheceu hoje a existência de problemas na operação da Transtejo e da Soflusa, que fazem a ligação fluvial entre a Margem Sul e Lisboa, garantindo que o Governo "tudo está a fazer" para os resolver.
© Lusa
Economia Transtejo/Soflusa
"Temos de reconhecer que existe um problema na operação da Transtejo e da Soflusa, empresas que asseguram as ligações fluviais entre Lisboa e o Montijo, Barreiro, Seixal e Almada. Ao dizer isto, o Governo está a reconhecer a existência de um problema que tem trabalhado para ultrapassar em três dimensões: de frota, de operação e de recursos humanos", disse Duarte Cordeiro, que tutela os transportes urbanos.
O ministro falava na Comissão de Economia, Obras Públicas, Planeamento e Habitação do parlamento, no âmbito dos requerimentos apresentados pelos grupos parlamentares do BE e PCP sobre limitações e disrupções na travessia do Tejo por parte da Transtejo/Soflusa.
Duarte Cordeiro adiantou que "até ao final do mês" há a expectativa de recuperar dois navios e que o sinistrado Gil Vicente "voltará ao serviço em abril".
A ligação fluvial entre Barreiro e Lisboa está sujeita a limitações até 10 de fevereiro, devido ao abalroamento sofrido pelo navio Gil Vicente em 04 de janeiro, com a consequente limitação da frota, situação que levou Bloco de Esquerda e PCP a pedir a presença do ministro para dar explicações.
Em resposta a questões da deputada do BE Mariana Mortágua, Duarte Cordeiro salientou que irá chegar um navio no primeiro trimestre deste ano, que até final do mês sai das Astúrias, mas referiu que esta embarcação não irá substituir nenhum navio, pois irá ficar em testes e será usada para a formação presencial dos trabalhadores, depois de já terem recebido formação teórica.
"Até final do ano teremos quatro barcos. A expectativa é de que teremos mais quatro no próximo ano e os restantes dois no ano seguinte", especificou, admitindo que atualmente há um problema de oferta.
"Em Cacilhas são necessários três cacilheiros, mais um de reserva, havendo dois. Em maio teremos três e em junho quatro. No Montijo e Seixal são necessários 2+1, temos dois, até maio três. Já na Trafaria temos 1+1 e neste momento temos um, não há reserva", enumerou.
Ao deputado do PCP Bruno Dias, o ministro reconheceu que os salários na empresa estão a ser negociados com as estruturas representativas dos trabalhadores, e que estão em processo de admissão dois trabalhadores em fevereiro.
Há ainda 15 vagas em provimento na Transtejo, que admitiu 27 trabalhadores nos últimos dois anos, enquanto na Soflusa foram admitidos 16 trabalhadores, existindo mais 15 vagas para processo de recrutamento.
Duarte Cordeiro admitiu igualmente que a procura pelo transporte público "ainda está aquém dos níveis pré-pandemia, apesar de os números estarem "mais positivos, sabendo que se está transportar mais mas ainda longe da operação" em anos anteriores.
A Transtejo é responsável pela ligação do Seixal, Montijo, Cacilhas e Trafaria/Porto Brandão, no distrito de Setúbal, a Lisboa, enquanto a Soflusa faz a travessia entre o Barreiro, também no distrito de Setúbal, e o Terreiro do Paço, em Lisboa.
As empresas têm uma administração comum.
Em novembro, o Governo perspetivou ter disponível a maior parte da frota elétrica de navios da Transtejo já durante o ano de 2023.
O secretário de Estado da Mobilidade Urbana, Jorge Delgado, estimou então que os primeiros navios elétricos começariam a operar entre o fim de 2022 e o início de 2023, adiantando que as baterias e os postos de carregamento já estavam contratados.
Em setembro, a Transtejo tinha anunciado que a empreitada de construção e fornecimento de estações de carregamento da nova frota elétrica de navios da Transtejo tinha sido adjudicada pelo valor de cerca de 14,4 milhões de euros.
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