"Se a União Europeia investir nas interligações, o Terminal de Gás Natural Liquefeito [GNL] de Sines pode substituir 4% de todas as importações de gás originárias da Rússia", afirmou à agência Lusa Moreira da Silva, no final do conselho informal de ministros da Energia, que decorreu em Atenas.
Em declarações à Lusa, o governante explicou que a abordagem foi a de posicionar a Península Ibérica "como uma alternativa à importação de gás da Rússia e contribuir para uma maior segurança no abastecimento de gás na União europeia", uma questão que ganhou destaque com o aumento da tensão na Ucrânia.
"A União Europeia depende em 40% do gás russo e 80% desse gás atravessa a Ucrânia. Defendemos que a Europa olhe para outras portas de entrada de gás natural e que tire partido dos sete terminais de LNG da Península Ibérica, sendo um deles o de Sines", declarou.
Para tal, defendeu, é apenas necessário investir nas redes de transporte de gás, através de um reforço da ligação de Portugal a Espanha (o terceiro gasoduto entre Zamora e Mangualde) e acabar com o bloqueio dos Pirinéus, que impede o abastecimento de gás da Península Ibérica ao resto da Europa.
Segundo Moreira da Silva, a questão do gás foi um tema dominante do conselho informal de ministros com a pasta da Energia, realçando a necessidade de "diversificação das fontes de abastecimento para ficar menos dependente da mesma rede e da mesma região".
"A Península Ibérica pode substituir 9% de todo o gás que a União Europeia importa da Rússia. Se formos ainda mais longe na construção de novas interligações, com os atuais sete terminais, poderemos substituir 20% de todo o gás importado da Rússia", acrescentou.
Os ministros da Energia da União Europeia (UE) concordaram hoje em Atenas na necessidade da criação de um mercado energético comum, que permita reduzir a atual dependência da Rússia.
"Precisamos de uma política externa energética comum", afirmou o comissário da Energia da UE, Gunther Oettinger, insistindo na necessidade de que os acordos intergovernamentais com terceiros sejam feitos a nível europeu.
O comissário europeu mostrou-se "cautelosamente otimista" quanto às duas próximas semanas, altura em que a UE, a Rússia e a Ucrânia podem chegar a acordo acerca da discussão em torno do preço de venda do gás de Moscovo a Kiev.