"Prevemos que o PIB real de Moçambique vá acelerar de uns estimados 4,1% em 2022 para 6,5% em 2023, com a atividade no setor do gás natural liquefeito a ganhar fôlego, e antevemos que o Governo e o consumo privado sustentem o crescimento económico este ano, apesar de a elevada inflação limitar os ganhos decorrentes do aumento da procura dos consumidores", escrevem os analistas.
De acordo com um relatório que sintetiza as principais previsões da Fitch Solutions para Moçambique, enviado aos clientes e a que a Lusa teve acesso, esta consultora detida pelos mesmos donos da agência de notação financeira Fitch Ratings considera que o défice da balança corrente deverá melhorar de 22,2% do PIB, no ano passado, para apenas 5% este ano, "devido à produção do crescente setor do gás natural".
Entre as principais estimativas para o país, a Fitch Solutions antevê que o Banco de Moçambique mantenha a atual taxa de juro de referência nos 17,25% durante o resto ano, já que "a desaceleração no crescimento dos preços vai limitar o ímpeto para aumentar as taxas por parte do regulador, ao passo que o forte crescimento económico vai desincentivar um corte nos juros".
A Fitch Solutions escreve ainda, no capítulo da política monetária, que o banco central deverá "continuar a segurar a moeda local nos 64 meticais por dólar neste e no próximo ano" e aponta que "apesar de as pressões para a depreciação pesem na evolução do câmbio em 2024, a intervenção das autoridades deverá ser suficiente para anular essas pressões", mantendo, assim, a taxa de câmbio estável.
Tal como tem sido habitual nos últimos relatórios, a Fitch Solutions também considera que a violência no norte do país é o principal risco político que Moçambique enfrenta.
"A contínua atividade insurgente é o maior risco político para Moçambique, mas nós acreditamos que a legislação recentemente aprovada para as milícias locais lutarem contra os insurgentes vai aumentar marginalmente a contrainsurgência nos próximos trimestres", concluem os analistas.
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