"O desempenho financeiro do grupo Altri foi influenciado pelo volume de produção de fibras, pela evolução das vendas, mas principalmente pela alta dos preços nos mercados internacionais", adiantou a empresa, acrescentando que "as receitas totais, que incluem outros rendimentos, atingiram os 1.066,2 milhões de euros, um crescimento de 34,4% face a 2021".
A empresa destacou que foi a primeira vez que as vendas ultrapassaram a fasquia dos mil milhões de euros.
Por outro lado, o EBITDA (resultado antes de impostos, juros, depreciações e amortizações) atingiu os 301,4 milhões de euros em 2022, "um aumento de 32,4% face a 2021" e registando "uma margem de EBITDA de 28,3%, o que se traduz numa redução de 0,4 p.p. [pontos percentuais] face ao período homólogo, apesar da forte inflação dos diversos custos variáveis sentida durante o ano passado", referiu.
A Altri, através da Caima, Celbi e Biotek, "apresentou um volume total de fibras celulósicas produzidas recorde de 1.142,6 mil toneladas, 1,5% acima do registado no ano anterior".
Segundo o grupo, o volume total de pasta produzida no quarto trimestre atingiu as 290,4 mil toneladas, "11,8% acima do trimestre homólogo e em linha com o trimestre anterior, apesar da paragem programada ocorrida na Caima".
No último trimestre do ano passado, o resultado líquido das operações continuadas da Altri "atingiu cerca de 34,7 milhões, um crescimento homólogo de 4,3%", sendo que "esta evolução mais moderada do resultado é explicada pela evolução negativa dos 'hedges' cambiais, assim como do aumento da taxa de imposto efetiva no trimestre, fatores que foram, ainda assim, compensados no lado operacional", referiu a empresa.
No mesmo período, o EBITDA atingiu os 78,1 milhões de euros, uma subida de 57,3% face ao mesmo trimestre do ano anterior, indicou a empresa.
No ano passado, a Altri aumentou em 73,5% o investimento. "Depois dos 26,1 milhões de euros investidos em 2021, o investimento líquido total realizado em 2022 foi de 45,3 milhões, incluindo cerca de 10,3 milhões de euros da nova caldeira de biomassa para a unidade industrial da Caima", referiu, revelando ainda que "o investimento líquido total no quarto trimestre atingiu os 10,5 milhões" de euros.
De acordo com a Altri, "apesar do reforço do investimento para maximizar a eficiência das operações, mas também dos dividendos entregues aos acionistas, incluindo os 37,2% do capital da Greenvolt, o endividamento líquido" do grupo reduziu-se.
Assim, a dívida líquida fixou-se em 325,8 milhões de euros no final de 2022, uma redução em relação a 344,0 milhões no final de 2021.
Nas suas perspetivas para este ano, a Altri disse que "o mercado global de fibras celulósicas está num processo de normalização", referindo que "depois de um comportamento bastante forte em 2022, a Europa mostrou algum abrandamento perto do final do ano e no início de 2023".
Por outro lado, "a China, depois de períodos sucessivos e prolongados de confinamento, diminuiu as medidas restritivas durante o último trimestre de 2002", recordou, sendo que o grupo acredita "que a reabertura da economia chinesa poderá ter um impacto relevante na procura global de pasta a partir do segundo trimestre de 2023".
A Altri destacou também que, em termos de oferta, e "com uma maior normalização da logística global" muitas das "restrições para abastecer partes do globo nos últimos anos, estão ultrapassadas" e que, por isso, "alguma reação positiva do mercado chinês poderá ser abastecida pelo mercado da América e contribuirá para absorver a grande parte da capacidade dos novos projetos, sediados na América Latina, que poderão começar a chegar ao mercado durante a segunda metade de 2023".
Depois de um ano "extremamente desafiante a tentar minimizar o efeito de uma inflação generalizada dos custos variáveis, começámos a verificar alguma estabilização dos preços no quarto trimestre de 2022 e no início de 2023", disse a empresa.
Para a Altri, "os principais fatores para o acréscimo relevante no custo de produção foram a evolução do preço do gás natural e eletricidade, o preço dos químicos e o custo da madeira, devido ao maior nível de importação e à evolução do dólar".
Por fim, em relação ao projeto Gama, na Galiza, o grupo "continua a trabalhar com o objetivo de anunciar a decisão final de investimento relativa à construção de uma unidade industrial de raiz, com uma capacidade produtiva anual de 200.000 toneladas de pasta solúvel e fibras têxteis sustentáveis", estando a avançar no estudo de impacto ambiental, projeto de engenharia, viabilidade económica, estrutura de financiamento e acesso a fundos da União Europeia, referiu.
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