Em resposta ao deputado da Iniciativa Liberal (IL) Bernardo Blanco -- e depois de precisar de recorrer à sua agenda -- Christine Ourmières-Widener confirmou que teve "uma reunião em 17 de janeiro" com o grupo parlamentar do Partido Socialista (PS), na véspera da audição de caráter obrigatório no parlamento, para explicar o acordo de saída da ex-administradora Alexandra Reis, com uma indemnização de meio milhão de euros.
O deputado da IL quis saber se naquela reunião houve alguma combinação de perguntas e respostas, nos esclarecimentos a dar à Assembleia da República, ao que a gestora disse não se recordar.
"Penso que a ideia era fazerem perguntas sobre o processo e eu respondi a essas perguntas", disse a ainda presidente executiva, acrescentando que, segundo a sua agenda, não estavam membros do Governo presentes na referida reunião, mas sim assessores e chefes de gabinete de membros do Governo.
Questionada sobre de quem partiu a iniciativa de realizar a reunião, Christine Ourmières-Widener disse que, se bem se recorda, partiu do gabinete do Ministro das Infraestruturas, que na altura já era João Galamba.
A responsável da companhia aérea esclareceu também que não tinha conhecimento do 'email' enviado por Alexandra Reis ao ex-ministro Pedro Nuno Santos, a pôr o seu lugar à disposição, em dezembro de 2021, o que poderia não ter dado lugar a indemnização.
Relativamente aos esclarecimentos pedidos à TAP pelo ex-ministro das Infraestruturas e pelo ministro das Finanças, quando o Correio da Manhã tornou pública a polémica indemnização, a IL avançou que o ex-secretário de Estado Hugo Mendes reuniu-se com a companhia aérea para decidirem como responder.
Segundo Christine Ourmières-Widener, o ex-secretário de Estado conhecia bem o processo, que já tinha sido fechado há quase um ano e foi necessário 'refrescar' os factos.
Quanto à apresentação dos resultados da TAP relativos a 2022, em que a companhia aérea apresentou um lucro superior a 65 milhões de euros, Ourmières-Widener confirmou que recebeu instruções do Governo para não fazer a habitual apresentação, juntamente com o administrador financeiro.
Christine Ourmières-Widener é a terceira personalidade, de uma lista de cerca de 60, a ser ouvida pela comissão parlamentar de inquérito à tutela política da gestão da TAP, constituída por iniciativa do Bloco de Esquerda.
A ainda presidente executiva da TAP contestou o despedimento e acusou o Governo de ter tido "pressa política" para a demitir, segundo a contestação da defesa, citada pela TVI/CNN.
O Governo anunciou, em 06 de março, que a Inspeção-Geral de Finanças (IGF) tinha concluído que o acordo celebrado para a saída antecipada de Alexandra Reis da TAP era nulo e que ia pedir a restituição dos valores.
Os ministros das Finanças e das Infraestruturas anunciaram também a exoneração com justa causa da presidente executiva da TAP, Christine Ourmières-Widener, e do presidente do Conselho de Administração, Manuel Beja.
A verificação pela IGF da legalidade da indemnização paga a Alexandra Reis foi determinada em 27 de dezembro do ano passado pelo ministro das Finanças, Fernando Medina, e pelo então ministro das Infraestruturas e da Habitação, Pedro Nuno Santos.
Em dezembro, Alexandra Reis tomou posse como secretária de Estado do Tesouro, tendo então estalado a polémica sobre a indemnização que recebeu quando saiu da companhia aérea detida pelo Estado, levando a uma remodelação no Governo, incluindo a saída de Pedro Nuno Santos, que foi substituído por João Galamba.
Alexandra Reis é ouvida na comissão de inquérito na quarta-feira.
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