FMI. Finanças e clima devem ser as prioridades políticas em África
O Fundo Monetário Internacional (FMI) considera que os países da África subsaariana devem melhorar a gestão financeira, conter a inflação, permitir ajustamentos cambiais e garantir que as alterações climáticas não afastam verbas das despesas básicas.
© Lusa
Economia FMI
No relatório sobre a região, divulgado hoje no âmbito dos Encontros Anuais do FMI e do Banco Mundial, que decorrem esta semana em Washington, o Fundo elenca quatro prioridades para os governos africanos tentarem ultrapassar os desequilíbrios macroeconómicos num contexto de limitações no financiamento.
"Consolidar as finanças públicas e fortalecer a gestão financeira pública num contexto de difíceis condições de financiamento vai depender de uma contínua mobilização dos recursos, melhor gestão dos riscos orçamentais e uma gestão a dívida que tem de ser mais proativa", escrevem os peritos do Fundo no relatório, que prevê um crescimento de 3,6% para a África subsaariana este ano e 4,2% em 2024, e que tem como título 'O Grande Aperto no Financiamento'.
A segunda das quatro prioridades tem a ver com a inflação, que subiu para 10% no ano passado e deverá abrandar para cerca de metade este ano: "A política monetária tem de ser cautelosamente dirigida até a inflação estar firmemente numa trajetória descendente e em linha com as metas do banco central", lê-se no relatório.
Permitir a flutuação da taxa de câmbio, e ao mesmo tempo mitigar os efeitos adversos na economia, "incluindo o aumento da inflação e da dívida devido a depreciações na moeda" é a terceira tarefa prioritária dos governos da África subsaariana, uma região onde o FMI tem em curso mais de 20 programas de assistência financeira, quase metade dos total dos 54 países da região.
O financiamento climático é a última das áreas prioritárias de ação, na qual o FMI defende que "as alterações climáticas e o financiamento para as combater e mitigar não devem afastar despesa das necessidades básicas", exemplificando com a saúde e a edução.
"O financiamento climático fornecido pela comunidade internacional deve somar-se aos atuais fluxos de assistência", e não substitui-los, defendem os peritos do Fundo, lamentando que o compromisso de 2009 por parte dos países mais ricos relativamente a um financiamento climático de pelo menos 100 mil milhões de dólares, cerca de 92 mil milhões de euros, nunca tenha sido cumprido.
Na análise à situação atual dos países da África subsaariana, onde está a maioria dos países lusófonos, o FMI diz que "a inflação persistentemente alta e uma política monetária mais apertada levaram a um aumento dos custos de endividamento", que na prática arredou estes países do mercado financeiro desde a primavera de 2022.
Este "aperto no financiamento agrava uma tendência negativa que dura há anos", e que é marcada por um aumento do peso da dívida pública, que resulta de uma redução da ajuda externa e de uma subida dos custos de endividamento nos mercados internacionais.
"A confluência de taxas de juro globalmente mais elevadas e juros da dívida maiores, com depreciações nas taxas de câmbio, entre outros fatores, levou a um aperto no financiamento para muitos países da África subsaariana", aponta ainda o FMI, concluindo que "este desafio surge para além das dificuldades de políticas que surgiram como ramificações da pandemia de covid-19 e da crise do custo de vida".
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