"Com os dados disponíveis, a que falta informação relevante relativa a março, estima-se que o crescimento homólogo do PIB [Produto Interno Bruto] no primeiro trimestre de 2023 deverá ter-se situado no intervalo 1,9% a 2,3% (valor central de 2,1%), a que corresponde um crescimento face ao quarto trimestre de 2022 de 1,0% a 1,4% (valor central de 1,2%)", avança o Grupo de Análise Económica do ISEG -- Lisbon School of Economics & Management.
A concretizar-se esta estimativa de crescimento para o primeiro trimestre, o ISEG considera "mais provável que o crescimento total em 2023 se venha a situar na banda superior do intervalo de previsão avançado em janeiro (1% a 2,2%), em particular no intervalo de 1,5% a 2%".
Contudo, ressalva, "este intervalo deverá ser formalmente revisto no próximo mês, depois da divulgação da estimativa rápida do Instituto Nacional de Estatística (INE) para o crescimento do PIB no primeiro trimestre".
De acordo com a escola de Economia e Gestão da Universidade de Lisboa, os indicadores disponíveis sugerem que o crescimento do PIB de janeiro a março "basear-se-á, sobretudo, no contributo da procura externa líquida [PEL], em particular devido à recuperação da procura turística externa e ao maior crescimento das exportações face às importações".
Segundo recorda, o contributo positivo da PEL já tinha sido "uma constante" ao longo de 2022, mas sempre inferior ao contributo da procura interna.
"Agora, ajudado num efeito base parcial, a expectativa é a de que no primeiro trimestre de 2023 o contributo da PEL cresça relativamente ao quarto trimestre de 2022 e o contributo da procura interna, penalizado pela incerteza e as dificuldades da economia europeia associadas à situação de guerra na Ucrânia, ao surto inflacionista e à subida das taxas de juro, decresça e seja apenas ligeiramente positivo", enfatiza.
Assim, globalmente, o consumo privado terá crescido "de forma ligeira", enquanto o crescimento do investimento é "menos provável".
Até ao final do ano, o ISEG prevê que a dinâmica da economia se altere, antecipando que, para garantir uma taxa de crescimento anual na ordem dos 2%, o contributo da procura interna "terá de subir".
Já o contributo da procura externa líquida deverá manter-se "ao nível do verificado no primeiro trimestre do ano", após terminada a regularização do crescimento da procura turística externa.
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