"Acolho com satisfação o comunicado do Comité de Credores Oficiais do Gana sobre a importância de um programa económico apoiado pelo FMI, juntamente com o seu empenho na negociação da restruturação da dívida em conformidade com os termos do programa", disse a diretora-executiva do Fundo, Kristalina Georgieva.
Num comunicado colocado na página eletrónica do FMI, a líder do Fundo acrescenta: "Este comunicado dá as garantias de financiamento necessárias para o conselho de administração debater o programa proposto pelo fundo e desbloquear o financiamento muito necessário dos parceiros de desenvolvimento do Gana".
Na nota, Georgieva salienta ainda a necessidade de os credores oficiais e bilaterais serem acompanhados pelos credores privados, que têm sido o principal entrave ao progresso nas negociações sobre a reestruturação da dívida do Gana, um dos vários países africanos 'apanhados' pelas consequências da invasão da Ucrânia pela Rússia e pelo consequente aumento de preços e encarecimento da moeda externa.
"Apoio fortemente o apelo feito pelo Comité de Credores Oficiais para que os credores privados e outros credores oficiais bilaterais aceitem um tratamento da dívida em termos comparáveis", afirmou, referindo-se aos fundos de investimento que detêm dívida do Gana e à China, que até agora não têm aceitado ter perdas recorrentes da renegociação da dívida.
O Gana tinha decidido recorrer ao FMI e tinha concluído em dezembro com a instituição um pré-acordo para obter 3 mil milhões de dólares de empréstimos nos próximos três anos, sob condição de encetar um ambicioso programa de reformas económicas.
No entanto, o país teve de dar garantias sobre a sustentabilidade da sua dívida para que o programa pudesse chegar à fase de deliberação pelo conselho de administração.
O Gana é um dos maiores produtores de cacau e ouro e tem também reservas de gás e petróleo, mas o peso da sua dívida disparou com a subida dos preços alimentares e energéticos, a que se somou o aumento das taxas de juro e o consequente encarecimento da sua dívida.
Leia Também: Presidente ganês no Burkina Faso após polémica sobre mercenários russos