No relatório sobre as previsões económicas de primavera divulgado hoje, a Comissão Europeia assinala que as taxas de juros do crédito à habitação mais altas deverão ter um impacto limitado nas finanças das famílias na União Europeia (EU), graças à prevalência das hipotecas a taxa fixa, em cerca de 85% do total, mas este não é o cenário para todos os países.
"Alguns países com uma grande percentagem de empréstimos à habitação com taxas variáveis, como a Finlândia, Portugal, Chipre e os países bálticos na zona euro e a Suécia, Polónia, Roménia e Bulgária no resto da UE, podem sofrer perda no rendimento discricionário das famílias, com possíveis efeitos indiretos sobre o consumo", adverte.
De acordo com os dados do Banco de Portugal (BdP), em dezembro de 2022, 90% do 'stock' de empréstimos à habitação tinha sido contratado com taxa de juro variável.
No relatório de Estabilidade Financeira, divulgado em 10 de maio, o regulador bancário português assinala que "a proporção de novos empréstimos à habitação com algum tipo de fixação da taxa de juro contratual aumentos nos últimos anos em Portugal, representando cerca de 15% do montante de novos empréstimos em 2022".
Nas previsões divulgadas hoje, a Comissão Europeia destaca ainda sobre uma fotografia geral da UE que padrões de crédito mais rígidos e taxas de juros mais altas começaram a pesar sobre os preços das casas, mas afeta os países em graus variados.
"Olhando para o futuro, espera-se que os preços das casas na UE estabilizem em termos nominais neste ano e no próximo, com variações persistentes entre os países", refere.
Contudo, salienta que "embora o aumento das taxas de juro dos créditos à habitação deva pesar ainda mais sobre a procura de habitação, prevê-se que a oferta de habitação continue limitada na maioria dos países da UE, o que limita o potencial de uma queda generalizada dos preços da habitação", assinala.
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