Luis de Guindos prevê que bancos vão aumentar remuneração dos depósitos

O vice-presidente do BCE, Luis de Guindos, prevê que os bancos vão aumentar a remuneração dos depósitos à medida que se reduza o excesso de liquidez na zona euro e aumente a concorrência entre as instituições de crédito.

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Lusa
31/05/2023 13:11 ‧ 31/05/2023 por Lusa

Economia

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Guindos afirmou hoje, na apresentação do relatório semestral do Banco Central Europeu (BCE) sobre a estabilidade financeira, que "a baixa remuneração dos depósitos tem a ver com o excesso de liquidez".

Mas o BCE está agora a retirar esse excesso de liquidez ao deixar de comprar dívida no mercado e ao reembolsar antecipadamente a liquidez de longo prazo muito barata que emprestou aos bancos há alguns anos.

Um capítulo do relatório analisa em profundidade os juro dos depósitos bancários numa altura em que o BCE está a aumentar as taxas.

A análise incide principalmente sobre os depósitos das famílias e das empresas, que representam 71% do total de depósitos e 54% do total de responsabilidades dos bancos da zona euro.

O BCE começou a aumentar as taxas de juro em julho do ano passado e, desde então, aumentou-as sete vezes consecutivas para 3,75%.

A facilidade de depósito do BCE situa-se atualmente em 3,25%.

O BCE vai aumentar ainda mais o preço do dinheiro porque a inflação continua a ser elevada, apesar de estar a abrandar.

Guindos valorizou a descida da inflação homóloga em Espanha para 3,2% em maio, ou seja, menos 0,9 pontos do que em abril, e da inflação subjacente, que exclui a energia e os alimentos frescos por serem mais voláteis, para 6,1%, ou seja, menos 0,5 pontos.

A inflação global em Itália desceu em maio para 7,6% em termos homólogos, contra 8,2% no mês anterior, e a inflação subjacente desceu uma décima de ponto percentual para 6,1%.

A inflação homóloga em França abrandou em maio para 5,1%, oito décimas de ponto percentual abaixo do valor registado em abril.

"Os dados recebidos ontem [terça-feira] e hoje são positivos, a inflação baixou e mais do que os analistas esperavam", afirmou Guindos numa conferência de imprensa virtual.

Mas "a batalha contra a inflação ainda não está ganha, estamos na trajetória certa, mas temos de ver a tendência dos dados subjacentes", acrescentou o vice-presidente do BCE, que deixou antever mais subidas das taxas de juro.

"O nosso mandato é a estabilidade dos preços", que é uma condição para garantir a estabilidade financeira, disse Guindos.

Apesar das subidas das taxas de juro do BCE, os bancos de alguns países da zona euro, nomeadamente em Portugal e Espanha, não aumentaram na mesma proporção a remuneração dos depósitos dos seus clientes.

"Os bancos conseguiram até agora conter o aumento dos custos dos depósitos e o ajustamento das taxas de depósito foi limitado, permitindo-lhes beneficiar de um rendimento líquido de juros mais elevado", afirmaram os economistas do BCE no relatório sobre a estabilidade financeira.

As taxas de juro dos novos depósitos a prazo subiram desde que o BCE começou a aumentar as taxas de juro, mas as taxas de depósito overnight mantiveram-se estagnadas, segundo o relatório.

Entre junho de 2022 e março de 2023, as taxas de juro dos depósitos a prazo subiram 2,44 pontos percentuais, as taxas de juro dos depósitos à ordem e com pré-aviso subiram 75 pontos base, mas as taxas dos depósitos overnight subiram uns modestos 25 pontos base.

"O aumento da concorrência e a redistribuição de fundos dos depósitos à ordem para os depósitos a prazo podem conduzir a um aumento dos custos de financiamento mais rápido e maior do que o previsto", acrescenta o relatório do BCE.

"Esta situação poderá traduzir-se numa menor rentabilidade para os bancos, afetando a sua capacidade de resistir a choques adversos e, consequentemente, a sua estabilidade, numa altura em que a concessão de crédito foi inibida por um ambiente macroeconómico menos favorável e por uma maior restritividade das condições financeiras globais", refere o relatório.

Guindos também alertou que se o Banco do Japão abandonasse a sua política monetária acomodatícia face à persistência da inflação no país, isso "poderia influenciar as decisões dos investidores japoneses, que têm uma grande presença" nos mercados obrigacionistas da zona euro, em particular, com o risco de uma grande retração.

"Qualquer mudança na política do Banco do Japão em resposta à inflação terá um impacto", segundo Guindos.

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