Na intervenção inicial que fez na comissão de inquérito à TAP, o antigo governante referiu que "impende sobre o Ministério das Infraestruturas e da Habitação a acusação de ingerência política, sem que, aliás, alguém, alguma vez, tenha feito o mais pequeno esforço para definir tal conceito".
"Creio que já ficou visível a enorme ironia desta narrativa. Não só o Ministério das Infraestruturas e da Habitação sempre criou um anel de segurança em torno da empresa, como muitos dos que nos acusam de ingerência, afinal, exigiam que a TAP voasse para um conjunto de destinos só porque o Estado estava a financiar a empresa", enfatizou.
Hugo Mendes reforçou a ideia: "nunca cedemos a nenhuma pressão externa nem fizemos qualquer pressão interna".
"A atitude do 'quero, posso e mando', do 'agora que o país pagou pela empresa a TAP tem de voar para todo o lado', ou, na memorável frase do doutor Rui Rio 'como a TAP é pública e funciona com dinheiros públicos, tenho de exigir', esta nunca foi a postura do Ministério das Infraestruturas e da Habitação", assegurou.
Segundo o antigo secretário de Estado das Infraestruturas, o seu ministério sempre fez o que era a sua obrigação, ou seja, "proteger a TAP de todas as pressões para que estivessem garantidas as melhores condições para cumprir o plano de reestruturação, de cuja rigorosa execução depende o seu futuro".
"A forma mais fácil de destruir uma companhia de aviação é criar rotas por motivos políticos. Se tivéssemos cedido a uma ínfima parte destas pressões, não só, isso sim, seria ingerência, como levaria ao degradar das contas da empresa, ao incumprimento do plano e à necessidade de injetar mais dinheiro", avisou.
Hugo Mendes referiu-se aos dois casos de ingerência de que acusam o ministério então liderado por Pedro Nuno Santos, um dos quais o caso da frota automóvel, sobre o qual a tutela soube pela imprensa, não tendo tido conhecimento prévio.
Recordando que esta notícia "gerou amplo alarme social" e motivou "um comentário do Presidente da República e críticas de partidos políticos e de sindicatos da TAP", o antigo governante assumiu que este tema se transformou "num problema político".
"E quando um tema operacional se transforma num problema político passa a exigir intervenção da tutela política. Foi neste momento que dissemos à TAP para reverter a decisão, para estancar a polémica. Sim, puxámos o travão de mão. Mas fizemo-lo numa situação limite e excecional", assumiu, garantindo que o ministério não se envolveu na solução encontrada.
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