"Nós acreditamos que haverá crescimento económico em 2023, mas será um crescimento económico mais modesto", referiu a economista do Banco Mundial, Anna Carlotta Massingue, em alusão à forte retoma pós-pandemia que levou a um crescimento de 17,7% em 2022.
"Estamos a partir de uma base elevada, mas com a implementação bem sucedida de reformas estruturais prevemos que o PIB cresça 4,4%" este ano e que "gradualmente convirja para o seu potencial, que é de 4,5%".
Anna Carlotta Massingue falava durante a apresentação feita na Praia dos relatórios "Economic Update" e "Country Economic Memorandum" do Banco Mundial para Cabo Verde.
O crescimento continuará a ser suportado pelo setor do turismo, consumo privado e investimentos.
Relativamente à inflação, a economista apontou para uma tendência de desaceleração para 5,2% este ano e 2% em 2024, em linha com a zona euro.
Massingue explicou que a pobreza deverá permanecer acima dos 19% em 2023, porque os preços estão "elevados", principalmente no cabaz alimentar, afetando "os mais vulneráveis".
Com o arrefecimento da inflação, o índice de pobreza deverá descer para 17,5% em 2025, acrescentou.
"O défice orçamental deverá permanecer também relativamente estável, porque ainda continuamos com a necessidade de apoiar as famílias e as empresas", indicou.
A crise "está a passar, mas continua presente na vida dos cabo-verdianos", fazendo com que o défice orçamental consiga recuar para 2,2% do PIB, mas só em 2025.
Já a dívida pública deverá fixar-se este ano em 110,7% do PIB, face a 127,2% em 2022.
O futuro reserva ainda várias incertezas, sobretudo devido à invasão russa da Ucrânia.
"Pode haver novos aumentos nos preços de combustíveis e dos produtos alimentares, dependendo de como evoluir a situação da guerra na Ucrânia e isso continuará a exigir o apoio às famílias e às empresas em Cabo Verde", alertou.
Este contexto global pode também fazer contrair a procura pelo turismo, setor que contribui com cerca de um quarto do PIB do país.
A economista admite que o esforço de consolidação fiscal "aconteça mais lentamente".
A representante residente do Banco Mundial em Cabo Verde, Eneida Fernandes, destacou as linhas de ação assinaladas no relatório apresentado.
"O Country Economic Memorandum destaca a necessidade de aumentar a produtividade, reduzir os custos de transporte internos em Cabo Verde, além de abordar a vulnerabilidade a riscos naturais e os desafios no setor da logística e dos transportes entre ilhas", realçou.
"Acreditamos que as recomendações em termos de políticas e ações podem ampliar Cabo Verde ao diversificar a sua economia, melhorar a produtividade, mitigar efetivamente os impactos e os riscos climáticos e desastres. Esses esforços conjuntos promoverão um crescimento sustentável, inclusivo e ajudarão a atingir o objetivo de um Cabo Verde livre de pobreza e um país habitável", concluiu.
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