Novo aumento dos juros pelo BCE é dado como certo (e aguardam-se pistas)

O Banco Central Europeu (BCE) deverá subir novamente as principais taxas de juro na quinta-feira, perante uma inflação considerada ainda elevada, apesar da reticência de alguns países devido ao risco do enfraquecimento da economia.

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Lusa
26/07/2023 16:34 ‧ 26/07/2023 por Lusa

Economia

BCE

Um ano depois de iniciar o ciclo do aumento de juros mais rápido da história, os analistas esperam que, após a reunião do Conselho de Governadores, a presidente do BCE, Christine Lagarde, anuncie um aumento de 25 pontos base nas taxas de referência.

A presidente do BCE deu 'força' a esta perspetiva ao ter anunciado, em junho, que um novo aumento das taxas de juro seria "muito provável" na reunião deste mês.

"Praticamente toda a gente espera um aumento de 25 pontos", tal como na última reunião, disse Joachim Nagel, presidente do Bundesbank, na semana passada.

A reunião do BCE ocorre um dia depois do anúncio da decisão da Reserva Federal norte-americana (Fed), que também deverá aumentar as taxas em 25 pontos base, segundo os analistas.

Contudo, o diretor global de investimentos em obrigações da Allianz Global Investors, Franck Dixmier, realça que "a situação na zona euro é menos clara do que nos EUA".

A inflação na zona euro continua a desacelerar (+5,5% em termos homólogos em junho face aos +6,1% em maio), mas a inflação subjacente mantém-se em níveis elevados (+5,5% em junho, em comparação com +5,3% em maio), recorda o analista.

"Esperamos, portanto, uma subida de 25 p.b. na reunião de política monetária do BCE deste mês, que deverá ser seguida de uma medida semelhante em setembro. O número de subidas será depois calibrado em função da tendência da inflação subjacente, para a qual não existem notícias animadoras neste momento", afirma.

Também a equipa de 'research' do Goldman Sachs prevê que o banco central suba as taxas em 25 pontos base em julho e novamente em setembro, para 4%, e "sinalize que mantém um viés de aperto".

Um novo aumento de 25 pontos base na reunião desta semana é também esperado pelos economistas da Generali Investments, Felix e Martin Wolburg, que, contudo, que acreditam que "o BCE adote uma postura de esperar para ver depois de julho, pelo menos até meados de 2024".

"Dito isso, os riscos permanecem inclinados para novas subidas", acrescenta.

Assim, as atenções dos analistas deverão centrar-se na conferência de imprensa da presidente do BCE, esperando pistas do que o banco central "poderá dar sobre o rumo futuros da política monetária", segundo Eric Dor, diretor de estudos económicos da IESEG School of Management.

No entanto, o impacto da política mais restritiva do BCE tem recebido críticas de alguns países, como Portugal.

O ministro das Finanças, Fernando Medina, em meados de julho, considerou que novos aumentos das taxas induzem "riscos mais elevados de criação de uma situação mais difícil para o crescimento a nível europeu".

Antes, também a primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, criticou no final de junho a "receita simplista" do BCE, temendo que "a cura seja mais prejudicial do que a doença".

Os banqueiros centrais da zona euro têm a inflação como bússola e "os custos de fazer pouco" nas taxas "continuam a ser superiores aos custos de fazer demais", defende Isabel Schnabel, membro da Comissão Executiva do BCE .

Uma posição semelhante à do governador alemão, Joachim Nagel, um "falcão", segundo o qual "deixar a luta cedo demais (seria) um erro".

Um aumento em julho deve ser suficiente e um novo aperto pode "prejudicar a economia", alerta o governador do Banco da Grécia, Yannis Stournaras, "pomba" favorável a uma política monetária menos restritiva.

Em junho, a taxa de juro das principais operações de refinanciamento subiu para 4%, a taxa de facilidade de depósito passou para 3,50% e a taxa de juro aplicável à facilidade permanente de cedência de liquidez aumentou para 4,25%.

Leia Também: CGD ganhou 258 ME com depósitos no BCE no 1.º semestre

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