Um cliente com um empréstimo no valor de 150 mil euros, a 30 anos, indexado à Euribor a seis meses e com um 'spread' (margem de lucro do banco) de 1%, passa a pagar a partir de agosto 799,92 euros, o que traduz uma subida de 96,02 euros face à última revisão, em fevereiro.
Já no caso de um empréstimo nas mesmas condições (valor e prazo de amortização), mas indexado à Euribor a três meses, o cliente passa a pagar 775,43 euros, mais 43,74 euros do que paga desde maio.
Já no que diz respeito aos empréstimos indexados à Euribor a 12 meses, a prestação da casa -- para as condições referidas -- aumenta em agosto para 818,95 euros, refletindo uma subida de 265,12 euros mensais.
Esta é a maior subida dos três indexantes, pois como quem tem o crédito indexado a Euribor a 12 meses a revisão só acontece a cada ano quando acontece o aumento da prestação é muito maior.
Estes valores foram calculados tendo em conta as médias da Euribor no mês de julho, tendo sido a seis meses de 3,942%, a três meses de 3,672% e a 12 meses de 4,149%.
A evolução das taxas de juro Euribor está intimamente ligada às subidas ou descidas das taxas de juro diretoras Banco Central Europeu (BCE)
Após vários anos em terreno negativo, as Euribor começaram a subir mais significativamente desde 04 de fevereiro, depois de o BCE ter admitido que poderia subir as taxas de juro diretoras devido ao aumento da inflação na zona euro.
Desde julho de 2022, o BCE já aumentou as taxas diretoras por várias vezes, o que significa um agravamento do valor que os clientes pagam pelos créditos, desde logo pelos empréstimos à habitação.
A semana passada, o BCE voltou a aumentar as taxas de juro (subida da taxa de facilidade de depósito para 3,75%, da taxa de juro das principais operações de refinanciamento para 4,25% e da taxa de juro aplicável à facilidade permanente de cedência de liquidez aumentou para 4,5%) e a presidente da instituição deixou em aberto novos aumentos.
Christine Lagarde disse que o resultado da reunião de setembro "pode ser uma subida ou uma pausa", mas garantidamente não será um corte e destacou que mesmo que o BCE opte por manter inalteradas as três taxas de referência, tal "não quer dizer que seja definitivo".
"Estamos a entrar num período em que dependeremos dos dados económicos", afirmou.
A subida das taxas de juros tem, em Portugal, um grande impacto para quem tem crédito à habitação, pois 90% dos empréstimos para compra de casa são a taxa variável, o que significa que a prestação mensal sobe quando as Euribor sobem.
Para fazer face às subidas, milhares de famílias já renegociaram créditos e o Governo tem uma medida de bonificação dos juros do crédito à habitação.
A semana passada, numa entrevista ao Público, o ministro das Finanças disse que o Governo vai alargar o regime de apoio à bonificação do crédito habitação a mais famílias e que quer que a banca ofereça taxa fixa a quem já tem créditos.
A Lusa questionou a semana passada o Ministério das Finanças sobre se mantém a estimativa de 100 milhões de euros para a medida de bonificação de juros, ou se já foi revista tendo em conta a constante subida das taxas Euribor, mas não obteve resposta.
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