"No seguimento da forte depreciação da moeda e da redução na produção de petróleo, o nível de dívida pública e os custos do serviço da dívida em percentagem do PIB vão aumentar significativamente este ano, e isso vai colocar uma pressão significativa nos pagamentos a partir de 2024", escrevem os analistas da S&P na nota que acompanha a decisão de manter o rating em B-, abaixo do nível de recomendação de investimento.
Os volumes de produção de petróleo "caíram nos últimos meses e a elevada exposição à volatilidade da produção colocar um risco ao crescimento e à posição orçamental", diz a S&P, vincando que, ainda assim, os preços elevados, à volta dos 85 dólares por barril até 2026, e a gradual consolidação orçamental, impedem uma deterioração mais substancial das métricas orçamentais e da dívida".
Assim, "manteve-se o rating em B- e o 'outlook' estável", ou seja, dois níveis abaixo da recomendação de investimento, apontam os analistas na nota que revê o crescimento económico, de 2,3% para 0,9% este ano, e 1,2% em 2024, com a dívida pública a voltar acima de 90% até, pelo menos, 2026, voltando a níveis próximos dos enfrentados por Angola durante a recessão económica da segunda metade da última década.
A desvalorização do kwanza em 40% face ao dólar desde o início do ano vai fazer com que os pagamentos da dívida em moeda estrangeira se tornem mais caros, com a S&P a notar que os custos da dívida de Angola podem subir mais de 60% na segunda metade deste ano, já que o país vai ter de desembolsar mais de 7 mil milhões de dólares este ano, e uma média de 7,8 mil milhões de dólares entre 2024 a 2026, "com a maioria do serviço da dívida este ano a estar relacionado com dívida bilateral à China".
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