Inflação? "Temo que o BCE tenha a pressão para um novo aumento de juros"
Sobre o impacto que os últimos dados económicos poderão ter nas rendas, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, referiu que é um problema que "exige ver a evolução da inflação até ao final do ano ou nos próximos meses".
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Economia Presidente da República
O Presidente da República admitiu, esta quinta-feira, que teme que o Banco Central Europeu (BCE) "tenha a pressão para um novo aumento de juros" em setembro.
"Há sinais internacionais que já começavam a ser um bocadinho preocupantes. Primeiro, em alguns países europeus, a inflação ainda é relativamente alta. A média europeia está nos 5,5%, que é acima dos 3,7%, que com a subida de 0,6%, que agora tem Portugal. Comparativamente, a nossa situação é muito melhor do que a média europeia", começou por dizer Marcelo, num comentário aos números da economia portuguesa, à margem da sua participação na Festa do Livro, no Palácio de Belém, em Lisboa.
Contudo, alerta, se os números da inflação da Europa se manterem assim, "temo que o Banco Central Europeu (BCE) possa ter a pressão para o novo aumento de juros e nós esperávamos uma folga agora em setembro".
"Isto não é uma boa notícia para aqueles - e são muitos, são 1,8 milhões de portugueses - que têm os seus contratos com a banca e que olham para os juros mês após mês a subir, o que significa aumento das prestações do crédito da habitação", destacou.
O Presidente da República declarou ainda que se "confirmou que o segundo trimestre teve crescimento zero em Portugal".
"O que nos chega da Europa é que há países que têm mesmo uma situação económica de não arranque bem pior do que a portuguesa, economias importantes... Se for assim, significa que os meses de final do ano e do início do ano que vem podem não ser aquilo que nós desejaríamos", acrescentou.
O BCE aprovou por unanimidade o aumento das taxas de juro em 25 pontos base na reunião de julho, para baixar a inflação na zona euro, e considerou que a decisão de setembro vai depender dos dados.
A taxa de facilidade de depósito está atualmente fixada em 3,75%, a taxa de juro das principais operações de refinanciamento em 4,25%, e a taxa de juro aplicável à facilidade permanente de cedência de liquidez em 4,5%.
O BCE aumentou as taxas de juro em 425 pontos base desde julho do ano passado, o ciclo de subida das taxas de juro mais rápido da história da zona euro.
Turismo na Europa? "Sinais são desfavoráveis"
Na sequência das Feiras de Turismo realizadas antes do verão, Marcelo afirmou que houve "sinais" que "são desfavoráveis quanto à evolução do turismo" na Europa para o fim deste ano e o princípio de 2024.
"Tudo isto em conjunto pode significar para um país como Portugal, que sofre muito do contexto abrangente, não subir o turismo ao ritmo em que estava a subir, não subir as exportações ao nível em que estavam a subir e, obviamente, o crescimento sofre com isso, ao mesmo tempo que a nossa inflação é melhor do que a externa, que pode provocar a continuação da política de juros altos do BCE", apontou.
Como causa desta situação, Marcelo destacou uma "incerteza política europeia", com diferentes eleições nos países marcadas para breve.
Rendas? Problema "exige ver evolução da inflação"
Interrogado o impacto da inflação nas rendas, o chefe de Estado português referiu que é um problema que "exige ver a evolução da inflação até ao final do ano ou nos próximos meses".
Recorde-se que o valor das rendas poderá aumentar 6,94% em 2024, após o Governo ter travado a subida nos 2% este ano, segundo os números da inflação dos últimos 12 meses até agosto, divulgados esta quinta-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE).
De acordo com os dados do INE, nos últimos 12 meses até agosto a variação média do índice de preços, excluindo a habitação, foi de 6,94%, valor que serve de base ao coeficiente utilizado para a atualização anual das rendas para o próximo ano, ao abrigo do Novo Regime do Arrendamento Urbano (NRAU).
Habitação? Diploma promulgado "precisa de ser regulamentado"
Relativamente à questão das medidas do Governo para a habitação, o Presidente destaca que um dos pacotes foi promulgado e outro vetado por si. Sobre o primeiro, afirmou que este "precisa agora de ser regulamentado" numa "corrida contra o tempo", porque "para tornar operacional aquele diploma é preciso que seja mudada a legislação administrativa".
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