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Empresas estrangeiras na China preocupadas com tensão geopolítica

Empresas estrangeiras com negócios na China consideram que tensões geopolíticas e incertezas sobre novos regulamentos estão a prejudicar o ambiente de negócios e a levar a uma reavaliação nos seus planos de investimento no país.

Empresas estrangeiras na China preocupadas com tensão geopolítica
Notícias ao Minuto

12:24 - 19/09/23 por Lusa

Economia China

Os resultados das pesquisas divulgadas pela Câmara de Comércio dos Estados Unidos em Xangai e pela Câmara de Comércio da União Europeia na China concordaram em grande parte no apelo a uma maior certeza e clareza sobre a posição da China em relação às empresas estrangeiras.

"Durante décadas, as empresas europeias prosperaram na China, beneficiando de um ambiente empresarial estável e eficiente. No entanto, após os últimos três anos turbulentos, muitas reavaliaram os seus pressupostos básicos sobre o mercado chinês", disse Jens Eskelund, presidente do grupo empresarial europeu, numa carta que acompanhou o relatório.

Eskelund afirmou que a previsibilidade e a fiabilidade foram minadas por "mudanças políticas erráticas" que prejudicaram a confiança nas perspetivas de crescimento da China.

"No topo de uma lista crescente de questões sobre o mercado chinês está que tipo de relacionamento a China deseja ter com empresas estrangeiras", questionou.

O inquérito da Câmara de Comércio dos Estados Unidos revelou uma contínua diminuição da importância da China como destino de investimento para as empresas norte-americanas, apesar de dois terços das 325 empresas que responderam terem afirmado não ter planos imediatos para mudar a sua estratégia para a China.

Pouco mais de uma em cada cinco empresas inquiridas afirmou que estava a diminuir o seu investimento na China este ano. A principal razão neste caso é a incerteza sobre a relação comercial entre os EUA e a China, seguida pelas expectativas de um crescimento mais lento no país asiático, lê-se no relatório.

No geral, o inquérito revelou que o sentimento deteriorou-se, em relação ao ano passado, quando as empresas foram abaladas pela política 'zero covid', que provocou o bloqueio de cidades inteiras, por vezes durante semanas seguidas.

Estas perturbações foram um importante "fator de impulso" para as empresas expandirem as suas operações fora da China, mostrou a pesquisa.

Questionado sobre o inquérito, uma porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros disse que Pequim tomou recentemente medidas para atrair investimento estrangeiro e que a China acolhe empresas estrangeiras para investirem e operarem na China.

"O que posso dizer é que a economia da China é resiliente, promissora e dinâmica, e os fundamentos do desenvolvimento a longo prazo não mudaram", disse Mao Ning. "As vantagens notáveis de um mercado superdimensionado e de um sistema industrial completo também permaneceram inalteradas", notou.

Embora 52% dos entrevistados pela AmCham Shanghai tenham dito que estavam otimistas em relação às perspetivas de negócios para os próximos cinco anos na China, esse foi o número mais baixo desde que o grupo iniciou a pesquisa anual em 1999.

Quase nove em cada 10 empresas afirmaram que o aumento dos custos é um grande desafio.

A intensificação da concorrência também foi agravada por políticas que favorecem as empresas locais em detrimento das estrangeiras e pelos tribunais que tendem a favorecer as empresas chinesas em decisões sobre proteção da propriedade intelectual, como patentes e marcas registadas, disse a câmara.

As empresas enfrentam uma ameaça crescente de "empresas locais e empresas estatais, ágeis e inovadoras, que têm beneficiado de um apoio mais forte nos últimos anos e cuja consolidação as tornou cada vez mais competitivas com as grandes empresas multinacionais", referiu o inquérito.

As empresas que estão a limitar o seu compromisso com o mercado chinês incluem aquelas que vendem serviços tecnológicos -- uma área duramente atingida por sanções comerciais impostas em nome da segurança nacional, principalmente por Washington.

O sudeste asiático foi classificado como a principal escolha para 40% das empresas que planeiam transferir os seus investimentos para locais fora da China, seguido pelos Estados Unidos e México, segundo a pesquisa.

Na pesquisa do ano passado, 40% dos fabricantes entrevistados disseram que a China estava entre os três principais destinos de investimento, enquanto este ano esse número caiu para 26%.

As empresas norte-americanas também estão a apelar às autoridades chinesas para que esclareçam vários regulamentos, dizendo que linguagem vaga deixa as empresas com dúvidas sobre o que é permitido ou proibido fazer, à medida que as regras foram alteradas.

"As empresas estão muito mais hesitantes", disse Sean Stein, presidente da AmCham Shanghai. Ele observou que o problema era grave para as empresas financeiras e farmacêuticas.

"O que as empresas precisam acima de tudo é de clareza e previsibilidade, mas em muitos setores as empresas relatam que o ambiente jurídico e regulamentar da China está a tornar-se menos transparente e mais incerto", disse Stein.

A expansão de uma lei contraespionagem e o impulso à auto-suficiência em tecnologia também são vistos como riscos pelas empresas.

O investimento estrangeiro na China caiu 2,7%, em relação ao ano anterior, no primeiro semestre de 2023, segundo dados oficiais.

Leia Também: Tribunal chinês condena à morte mulher que raptou e vendeu crianças

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