Ao contrário do que tem ocorrido nos últimos anos, e segundo as previsões, o consumo privado terá crescido este ano a níveis mais elevados do que o consumo do Governo este ano, respetivamente 4% e 2,9%.
As estimativas para 2023 contrastam com valores do ano passado, em que o consumo privado cresceu apenas 1,8%, depois de contrações nos anos anteriores, e o público aumentou 6,9%.
"A economia continuou a sua recuperação em 2022, alcançando uma taxa de crescimento de 3,9%. O crescimento foi impulsionado pela elevada despesa pública, conduzindo a um défice orçamental recorde de 64% do PIB não petrolífero", nota o relatório do Banco Mundial.
"Projeta-se um crescimento médio de 3,4% no médio prazo, dependente de uma estabilidade política sustentada e de um ressurgimento do investimento privado após a tomada de posse do novo Governo. Os riscos descendentes incluem catástrofes naturais e potenciais atrasos na execução das reformas", nota.
Os dados mostram que, apesar do crescimento do PIB nos últimos três anos, o país ainda não recuperou das contrações registadas em 2017 (-3,1%), em 2018 (-0,7%) e em 2022 (-8,3%), pelo que o PIB per capita em 2023 se situa apenas em 1275,2 dólares, valor abaixo do registado em 2015 (quanto foi de 1322.30).
"O investimento privado aumentou, em grande medida devido a efeitos de base, após dois anos consecutivos de decréscimo, enquanto as exportações líquidas continuaram a travar o crescimento", refere a instituição.
"Apesar da implementação de medidas fiscais, como o programa da cesta básica, e do 13º mês, que resultaram em gastos elevados do Governo e num maior défice fiscal, o consumo privado apresentou apenas um crescimento modesto devido aos desafios no mercado de trabalho", nota.
No que toca à inflação, o Banco Mundial antecipa que este ano se fixe em 5,5%, abaixo dos 7% do ano passado e longe dos 0,5% de 2020 e dos 3,8% de 2021, com o aumento dos preços a ser de 3,5% no próximo ano.
"A inflação dos preços dos alimentos foi o principal fator. Isso pode ser atribuído, em parte, a uma combinação de custos domésticos, impostos mais altos sobre açúcar e bebidas açucaradas e preços globais elevados", nota.
O índice internacional de pobreza, fixado em 2,15 dólares por pessoa por dia, continua em tendência descendente, baixando de 27,8% em 2022 para 27,4% este ano.
No que se refere aos fluxos líquidos de investimento externo direto, o Banco Mundial nota que se mantém a tendência negativa dos últimos anos, com -4,1% do PIB previsto para este ano.
O Banco Mundial destaca os desafios económicos que Timor-Leste enfrenta, considerando que "os riscos inclinam-se para o lado negativo".
Entre eles destaque para a "possibilidade de perturbações nos programas governamentais na sequência de mudanças de governo, em especial no que diz respeito à consolidação orçamental e às reformas estruturais".
A instituição refere-se ainda ao risco de catástrofes naturais, à inflação elevada e ao impacto na sustentabilidade orçamental do fim da produção de petróleo no Mar de Timor.
"Alcançar a meta de crescimento económico de 5%, conforme delineado no novo programa do governo, depende criticamente da promoção do desenvolvimento do setor privado, da nutrição do capital humano e do aumento da competitividade por meio de reformas estruturais", sublinha.
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