No 'Boletim Económico' de outubro, apresentado esta manhã no Museu do Dinheiro, em Lisboa, a instituição liderada por Mário Centeno corta as previsões de crescimento económico face a junho em 0,6 pontos percentuais (pp.) para 2023 e 0,9 pp. para 2024.
Em conferência de imprensa, Centeno destacou que "estamos perante o que referiria como a materialização de uma encruzilhada que as economias" hoje "enfrentam".
"O aperto financeiro não está concluído", apontou o governador do BdP.
A previsão do Banco de Portugal (BdP), que se torna a instituição mais pessimista, continua a fixar-se acima da previsão oficial do Ministério das Finanças de 1,8% para este ano, mas que o Governo já sinalizou que poderá ser revista em alta no Orçamento do Estado para 2024 (OE2024).
A poucos dias da entrega, no parlamento, pelo executivo do próximo Orçamento, o regulador bancário avança, contudo, uma previsão mais pessimista para 2024 do que a inscrita pela tutela (2%) no Programa de Estabilidade.
"Após o dinamismo no início de 2023, a atividade económica terá estagnado no segundo e terceiro trimestres e deverá manter um crescimento fraco até ao final do ano", explica o BdP.
Segundo o regulador, o abrandamento económico reflete um menor dinamismo nos principais parceiros comerciais, os efeitos cumulativos da inflação e a maior restritividade da política monetária, o que levou a um agravamento das condições financeiras na zona euro e em Portugal.
Face a junho, a evolução mais desfavorável é explicada pelo "comportamento das exportações e, em menor grau, do consumo privado e da formação bruta de capital fixo (FBCF), em especial pública".
Já a revisão do crescimento em 2024 resulta, sobretudo, de um desempenho menos favorável da atividade ao longo deste ano e, "em menor grau", da revisão das hipóteses de enquadramento e de um desempenho mais fraco das exportações no início do ano.
O regulador alerta que a transmissão das subidas das taxas de juro de política às condições financeiras enfrentadas pelas famílias e empresas continuará a limitar a atividade em 2024 e 2025.
Contudo, acredita que estes efeitos serão "parcialmente compensados pelo impacto favorável da redução gradual da inflação sobre o poder de compra das famílias, pela aceleração das entradas dos fundos da UE [União Europeia] e pela hipótese de maior dinamismo da procura externa".
[Notícia atualizada às 11h12]
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