"Agora vamos entrar numa nova fase, que será o seu revestimento, os trabalhos de acabamento. Aquele que é o nosso cronograma do ponto de vista de resolução desta situação em que nos encontramos aqui na rua Mouzinho [da Silveira], é que até maio do próximo ano tem de estar totalmente resolvida", disse hoje aos jornalistas o presidente da Metro do Porto, Tiago Braga.
O responsável falava à boca do novo túnel do rio da Vila, no estaleiro do novo curso subterrâneo cuja construção se iniciou em julho de 2022, junto ao Largo de São Domingos, estando acompanhado por Filipe Araújo, vice-presidente da Câmara do Porto e presidente da Águas e Energia do Porto, após uma visita à obra.
A obra faz parte da construção da Linha Rosa (São Bento - Casa da Música), servindo como escoador alternativo de águas ao atual rio da Vila, que corre por debaixo da Rua Mouzinho da Silveira, impedindo também inundações na futura estação de São Bento, localizada na Praça da Liberdade.
"Nós agora vamos fazer o revestimento secundário, esse revestimento secundário vai durar até final deste ano, depois vamos fazer a parte da caixa a jusante entre este novo rio da Vila existente", algo previsto entre janeiro e fevereiro, de acordo com Tiago Braga.
Entre fevereiro e maio, disse também o presidente da Metro do Porto, o tempo será dedicado à caixa a montante de ligação ao rio da Vila, que desce pela Rua de São João, o que levará à ocupação daquela via.
Questionado sobre a ligação entre o novo túnel do rio da Vila e o atual, e sobre os potenciais impactos de uma ligação durante o inverno, especialmente depois das cheias ocorridas em janeiro, o responsável da Metro disse que, no caso de um novo evento extraordinário, o túnel hoje escavado já poderá servir para escoar águas, mesmo que de forma provisória.
"Aquilo que nós temos hoje já construído, ainda que não estando totalmente em serviço, já garante um nível superior de acomodação, de proteção, a situações que ocorreram no passado. Estamos a falar de um túnel com 500 metros, com 5,30 metros de diâmetro final, e que em situações muito extremas será sempre sacrificado em detrimento de cheias à superfície", garantiu Tiago Braga.
Já Filipe Araújo, questionado se esta possibilidade de uso em caso provisório o deixava "confiante", respondeu que "os fenómenos extremos são sempre fenómenos em que nunca" se pode dizer que se está "100% confiantes", já que "o risco existe".
"Acho que aqui há um trabalho conjunto, nomeadamente numa obra desta grande dimensão que tem. Quando estamos a fazer as obras, temos obviamente que lidar com os riscos e mitigá-los da forma que é possível", completou o vice-presidente da Câmara do Porto.
Quanto à construção da Linha Rosa, o presidente da Metro do Porto disse que há "percentagens muito diferenciadas" de escavação de túneis "em função da frente de obra", estando a "cerca de 70%" entre o Jardim do Carregal e a Praça da Liberdade, mas há frentes "em que essa percentagem é inferior", decorrente das diferentes características do terreno.
Tiago Braga disse ainda que a circulação na Avenida de França, junto à Casa da Música, começará a ter melhorias "nas próximas duas semanas", abrindo ao tráfego "de uma forma faseada".
"Essa mudança gradual até à colocação nas mesmas circunstâncias em que a Avenida de França sempre esteve também vai decorrer até ao final do ano", disse.
A construção da linha está prevista terminar em 2024, com início da operação no final do primeiro trimestre de 2025, e os custos totais ascendem aos 304,7 milhões de euros.
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