Segundo o departamento de estudos económicos e financeiros do banco BPI, a próxima reunião de política monetária do BCE "servirá para confirmar que as taxas do BCE atingiram o pico em setembro", quando a taxa de depósitos subiu para 4,00% e a taxa de refinanciamento para 4,50%.
A instituição liderada por Christine Lagarde deverá ainda "reiterar a sua intenção de as manter nestes níveis restritivos durante um bom período, consideram os analistas do BPI.
O BPI Research não espera que haja redução das taxas de juro até setembro de 2024, enquanto o consenso dos mercados financeiros é de que o primeiro corte aconteça entre junho e julho do próximo ano.
"Se, por um lado, se acumulam sinais de uma boa transmissão da política monetária, a atividade económica na zona euro continua débil e as pressões sobre os preços estão a abrandar, por outro lado, os níveis de inflação continuam a ser demasiado elevados e, num contexto de um mercado de trabalho robusto, o BCE receia que seja necessário demasiado tempo para atingir o objetivo de 2%", afirmam os analistas do BPI.
O diretor executivo da ActivTrades Europe, Ricardo Evangelista, concorda que as taxas de juro se manterão e não antecipa medidas noutros campos, anda que considere que será "interessante analisar a postura adotada".
"Penso que o BCE será menos 'dovish' [baixas taxas de juro para estimular a economia) do que as declarações que têm sido feitas por Christine Lagarde e os seus pares. Nos mercados, o consenso é de que o corrente ciclo de subidas atingiu o pico, e que o próximo movimento será um corte, que em princípio acontecerá em meados de 2024", refere Ricardo Evangelista.
No mesmo sentido, a consultora financeira Forste diz que "não se espera qualquer subida de taxas na zona euro, no que será a primeira pausa deste ciclo". Ainda assim, avisa a Forste, o BCE deverá "manter a porta aberta para novos aumentos caso seja necessário".
Os analistas disseram ainda à Lusa que estarão atentos à postura adotada pelos membros do BCE na reunião, quando a economia segue com crescimento fraco e emergiu o conflito em Gaza.
"Penso que o conflito será mencionado dentro de um contexto de instabilidade geopolítica que forçará o BCE a navegar mais à vista. Ou seja, a mensagem e o tom usado deverão refletir cautela face às incertezas", afirmou Ricardo Evangelista, que lembrou que uma escalada do conflito entre Israel e o Hamas poderá provocar uma redução no fornecimento de petróleo e gás nos mercados globais, levando a subidas de preços e, provavelmente, novas subidas por Frakfurt.
Quanto a outras medidas a tomar pelo BCE, uma vez que a sua ação não se esgota nas taxas de juro, os analistas do BPI consideram que "ainda é demasiado cedo" para o BCE as tomar, mas que "o debate será informativo sobre o sentimento do BCE".
Em meados de setembro, o BCE fez uma nova subida nas suas taxas diretoras.
A taxa de juro aplicável às operações principais de refinanciamento passou para 4,50% e a taxa de juro aplicável à facilidade permanente de cedência de liquidez passou para 4,75%. Estas taxas são o valor que que os bancos cebtrais da zona euro cobram as bancos comerciais para lhes emprestarem dinheiro.
Já a facilidade permanente de depósito serão passou para 4,00%, o que indica o valor a que o BCE remunera o dinheiro que os bancos lhe confiam.
Quando o BCE altera as taxas de juro diretoras, tal reflete-se no conjunto da economia, sendo algumas das faces mais visíveis os empréstimos bancários, os empréstimos a nível do mercado, o crédito à habitação, as taxas de juro dos depósitos bancários ou outros instrumentos de investimento.
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