Pequim, 07 nov 2023 (Lusa) -- As importações da China denominadas em dólares norte-americanos aumentaram 3% em outubro, enquanto as exportações caíram pelo sexto mês consecutivo, em termos homólogos, refletindo uma queda na procura global, segundo dados oficiais hoje divulgados.
Os dados das alfândegas do país asiático revelaram um aumento das importações para 218,3 mil milhões de dólares (204 mil milhões de euros), enquanto as exportações caíram 6,4%, para 274,8 mil milhões de dólares (257 mil milhões de euros).
O excedente comercial, de 56,5 mil milhões de dólares (52,8 mil milhões de euros), diminuiu mais de 30%, em relação a setembro, fixando-se no valor mais baixo nos últimos 17 meses.
Julian Evans-Pritchard, analista da consultora Capital Economics, afirmou num relatório que as exportações podem cair ainda mais.
"Esperamos que as exportações diminuam nos próximos meses antes de atingirem o seu ponto mais baixo em meados do próximo ano. As medidas relativas às encomendas externas sugerem uma queda mais significativa da procura externa do que a observada até agora nos dados aduaneiros", explicou.
O comércio externo da China registou uma tendência negativa este ano, uma vez que a procura global diminuiu e a recuperação da economia chinesa estagnou, apesar da reabertura do país após o levantamento das rigorosas medidas de prevenção contra a covid-19, no final do ano passado.
A procura por produtos chineses enfraqueceu depois de a Reserva Federal dos Estados Unidos e os bancos centrais da Europa e da Ásia começarem a aumentar as taxas de juro no ano passado para travar a inflação galopante.
No conjunto, as trocas comerciais entre a China e o resto do mundo entre janeiro-outubro aumentou apenas 0,03%, segundo os dados oficiais.
O aumento de 3% das importações em outubro foi a primeira subida mensal desde setembro de 2022 e uma melhoria significativa em relação à queda de 6,2% registada em setembro.
Para esse aumento contribuíram, sobretudo, as compras de soja e petróleo bruto, bem como produtos intermediários, como componentes eletrónicos usados na indústria transformadora.
O comércio com o Japão, os países do Sudeste Asiático, a União Europeia e os EUA diminuíram este ano.
O comércio com a Rússia aumentou: as importações de petróleo e de outras matérias-primas cresceram 12,4%, enquanto as exportações para a Rússia subiram mais de 52%.
O setor imobiliário da China continua a ser um entrave para a economia chinesa, com as vendas a caírem e várias construtoras a entrarem em incumprimento.
O banco central flexibilizou as regras dos empréstimos e reduziu as taxas de hipoteca para os compradores de casas pela primeira vez, enquanto concedeu algumas medidas de alívio fiscal às pequenas empresas.
No final do mês passado, anunciou planos para emitir 1 bilião de yuans (mais de 308 mil milhões de euros) em obrigações para construir infraestruturas e prevenção de catástrofes, aumentando o défice para tentar impulsionar a economia.
Leia Também: China quer produzir robôs de "nível avançado" em 2025