"No caso português, estamos a assistir a uma recuperação muito mais acelerada do que a de outros países a seguir à situação da pandemia [de Covid 19] e, portanto, neste momento devemos fechar o ano provavelmente com números de movimentos já superiores aos registados em 2019", disse, em declarações à agência Lusa.
À margem da cimeira aeronáutica Portugal Air Summit (PAS), que arrancou hoje no Aeródromo Municipal de Ponte de Sor e que se prolonga até domingo, o mesmo administrador da empresa Navegação Aérea de Portugal - NAV Portugal indicou que a estimativa é a de "chegar ao final do ano com 3% de tráfego acima do registado em 2019", ou seja, antes da pandemia.
Para o responsável, este aumento "é surpreendente" e "está acima" inclusivamente das perspetivas com as quais a NAV Portugal trabalha, ou seja, "com os dados do Gabinete de Estatística do Eurocontrol".
"Aquilo que era perspetivado era que ,provavelmente, só em 2024 ou 2025 é que iríamos atingir os níveis de tráfego registados em 2019. Portanto, há claramente aqui uma antecipação do calendário", vincou.
Pedro Ângelo, que disse estar em "processo de indigitação" como presidente da NAV Portugal, justificou que, ao analisar este incremento do tráfego, não se podem "desconsiderar os conflitos que estão a ocorrer no Leste da Europa".
"Há de facto um desvio de tráfego mais para Ocidente. Nós fomos beneficiados e favorecidos, em certa medida, com isso", admitiu.
Ao mesmo tempo, continuou, existem "outros países e outros prestadores de serviços de navegação aérea, nomeadamente a Grécia e o Chipre, que também estão a registar níveis de tráfego já superiores aos verificados em 2019".
Por isso, o incremento do tráfego aéreo "tem muito a ver, como é evidente, com os fenómenos geopolíticos", frisou.
Questionado pela Lusa sobre o sistema de gestão de tráfego aéreo Topsky, para o qual a NAV Portugal migrou em outubro do ano passado, o mesmo administrador da empresa fez "um balanço claramente positivo".
"Estamos muito satisfeitos com o sistema. Há um ano que estamos a operar o sistema, sinto os operacionais muito confortáveis e muito contentes com o mesmo", afirmou.
A NAV Portugal vai agora aproveitar o sistema para "incrementar capacidades para podermos dar resposta à procura que temos".
"Vamos agora dedicar-nos à reestruturação do espaço aéreo, à criação de novas setorizações, precisamente para podermos dar resposta à procura do tráfego", afirmou, precisando que se trata de "criar mais setores, mais capacidade, para [poder] aceitar mais tráfego".
Este ano, a cimeira aeronáutica em Ponte de Sor, intitulada Portugal Air Summit - Take Off para 2024, tem conferências nos dois primeiros dias, com a participação de diversos oradores, incluindo ainda um programa lúdico que se estende até domingo.
Segundo a organização, pretende-se refletir "sobre o presente e futuro do Cluster Aeronáutico de Ponte de Sor e os projetos em curso no Alto Alentejo e no país, nas áreas da Aviação, Aeronáutica, Espaço e Defesa".
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