De acordo com o responsável, a temática da diversificação económica e mercados financeiros, em discussão num fórum, em Luanda, não é uma abordagem nova, mas continua atual e a apresentar desafios.
"Não obstante os progressos assinalados, permanece um longo caminho a percorrer", afirmou o governador do BNA, realçando que a dependência do setor petrolífero torna a economia "vulnerável" às flutuações do preço do petróleo nos mercados internacionais.
"As últimas crises neste setor demonstraram claramente que a diversificação económica é o caminho a seguir para construirmos uma economia equilibrada e sustentável", observou.
Falando hoje na abertura do XII Fórum Economia e Finanças: Diversificação Económica e Mercados Financeiros, Manuel Tiago Dias considerou que a diversificação económica envolve o alavancar dos outros setores de atividade que carecem de financiamento.
Para o gestor do BNA "é indiscutível que um setor financeiro robusto, com bancos sólidos, regulamentação financeira adequada e o acesso ao financiamento para as pequenas e médias empresas são aliados de sucesso da implementação do processo de diversificação".
Sinalizou que o BNA não está alheio ao processo da diversificação económica de Angola "visto que, sem dúvida, esta mudança de paradigma impactará positivamente sobre a política monetária e cambial e, consequentemente, sobre os preços dos bens e serviços".
Neste fórum promovido pela Associação Angolana dos Bancos (ABANC), no âmbito do seu 25.º aniversário, o governador do banco central angolano salientou que a instituição tem procurado apoiar os diferentes programas que visam impulsionar a diversificação da economia.
Destacou o aviso n.º10/23 de 06 de abril, como instrumento que tem tido um impacto significativo no crédito à economia, dando nota que desde a sua implementação até outubro passado foram já disponibilizados em projetos de créditos contratualizados pela banca comercial mais de 1 bilião de kwanzas (1,1 mil milhões de euros).
Argumentou que o referido montante disponibilizado corresponde a 16,36% da carteira global do crédito bancário e 78% da carteira de crédito alocada para o setor real da economia com destaques para os setores da indústria transformadora, sobretudo da agricultura, produção animal, caça, floresta e pescas.
"Os dados disponíveis até à data indicam que ainda no âmbito destes avisos foram criados mais de 46.000 postos de trabalho e em termos de abrangência às atividades financiadas já foram alocadas em 17 províncias", assegurou.
Manuel Tiago Dias falou ainda de "esforços" que o BNA tem desenvolvido para criar um ecossistema de pagamentos propício à inovação e à concorrência, do Laboratório do Sistema de Inovação do Sistema de Pagamentos em Angola, no âmbito da inclusão financeira.
Referiu, contudo, que a representatividade do setor informal, baixos níveis de literacia e inclusão financeira "constituem grandes desafios para a diversificação económica e desenvolvimento do sistema financeiro nacional".
"Apesar dos programas já realizados, reconhecemos que existe um caminho longo a ser percorrido para alcançar níveis de profundidade do sistema financeiro, diversificação económica e crescimento sustentado, por este motivo foi constituído do Comité de Coordenação da Estratégia Nacional de Inclusão Financeira", rematou o governador do BNA.
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