A Autoridade Nacional de Comunicações (Anacom) publicou recentemente o investimento em estações de 5G que as operadoras de telecomunicações fizeram no mercado português durante os últimos dois anos, o qual tem sido feito "progressivamente", refere João Cadete de Matos.
Atualmente, são "cerca de 8.200 novas estações 5G com antenas 5G a emitir", o que mostra "que os três operadores fizeram já esse investimento", prossegue o responsável.
Os dados "revelam que a empresa NOS foi a que criou mais estações, também era aquela que tinha antes menos estações do 4G, mas tem procurado compensar esse défice com maior investimento em estações 5G", com "praticamente neste momento 3.900 estações" de quinta geração.
A Vodafone Portugal "tem quase 3.000 estações e a Meo tem apenas 1.400 estações, portanto, são 17% em termos do total, mas se compararmos a maior com a Vodafone são menos de metade e, se compararmos com a NOS, são praticamente um quarto de estações", detalha, reafirmando as declarações que tinha feito há uma semana aos jornalistas.
"Objetivamente, os números do investimento revelam que a Meo tem feito um investimento substancialmente inferior ao investimento da NOS e da Vodafone", mas "também é verdade que no leilão do 5G a NOS e a Vodafone" foram as que compraram mais frequências, tendo ficado com obrigações de investimento maiores, prossegue.
"Também é verdade que a Anacom criou nas condições do leilão do 5G possibilidade das empresas acordarem entre si e partilhar as antenas, fazerem 'roaming' nacional", recorda João Cadete de Matos.
A NOS e a Vodafone Portugal têm um acordo de partilha das antenas, o que "potencia" que os consumidores "tenham um maior grau de satisfação".
Portanto, "aquilo que assinalei e que reafirmo [é que] os números são absolutamente inequívocos quanto a esse respeito" e que, de facto, "a Meo está a ficar para trás no investimento no 5G".
Com isto, "aquilo que estou a fazer é lançar um repto para que o grupo Altice/Meo invista mais, portanto, não fique para trás e reforce o investimento", insiste Cadete de Matos, que cumpre hoje o último dia à frente da Anacom, sublinhando a sua total isenção relativamente a todas as empresas do setor.
Sobre a notícia de que nos próximos dias será publicada a adjudicação do investimento nos cabos submarinos, o responsável classifica de "uma excelente notícia para o país".
"Aliás, o leilão do 5G, os seus fundos também permitiram financiar o novo anel de cabos submarinos que vai ligar o continente aos Açores e à Madeira", aponta.
Por vezes, "pensa-se que o anel é só relevante para os Açores e para a Madeira, não, o anel é extremamente relevante para toda a zona marítima do nosso país", para que este seja "de grande dimensão, com toda a zona atlântica, mas ainda por cima este cabo vai ser um cabo submarino inovador que vai ter sensores no fundo do Atlântico a atravessar as várias placas tectónicas", os quais permitem identificar os movimentos das placas.
Ou seja, pode "fazer alertas sísmicos e isto é extremamente importante", prossegue, salientando ainda a importância do novo cabo submarino ser um "cabo público", o que "vai garantir a acessibilidade em termos de preço para todos os operadores".
Relativamente ao concurso para a cobertura das zonas brancas, destaca o facto de Portugal "ser o primeiro país europeu a beneficiar do investimento público, quer de fundos europeus, quer também de fundos do leilão do 5G para levar a fibra ótica a todas as casas do nosso território, quer no continente, quer nos Açores, quer na Madeira".
"Portanto, vamos ter rede fixa, vamos ter um novo anel de cabos submarinos, vamos ter esta rede móvel [5G] com estas características e, já agora, também convém não esquecermos que temos já uma rede de satélites que nos permite ter comunicações com velocidades e preços competitivos em todo o território", sintetiza.
Questionado sobre a inteligência artificial (IA), Cadete de Matos sublinha que "quer na União Europeia quer em Portugal há claramente o interesse em aproveitar esse potencial e, portanto, tirar as vantagens" da tecnologia "para muitas atividades humanas".
Trata-se de uma tecnologia que também tem riscos, "necessita de facto de ser regulada", defende João Cadete de Matos.
A Anacom "está disponível dentro de toda esta transformação digital para contribuir para essa regulação" e "depois supervisionar todo o trabalho que é feito nessa área, de forma a proteger os cidadãos a proteger os países e evitar os riscos que, de facto, a inteligência artificial, nalguns casos, também pode potenciar".
Leia Também: Este é o valor mínimo que os pensionistas deverão receber no próximo ano