"Esta agenda tem como objetivo fazer a descarbonização das cidades a partir da implementação de uma plataforma de produtos e serviços de mobilidade sustentável", bem como "promover a descarbonização também da indústria da mobilidade", disse à Lusa o administrador da NOS Manuel Ramalho Eanes.
Em causa está a agenda Be.Neutral, que conta com um investimento total de 211 milhões de euros, dos quais 128 milhões de investimento público e 93 milhões de privado, podendo o montante total ser ainda dividido em investimento em Investigação e Desenvolvimento (I&D), de 129 milhões, investimento produtivo de 83 milhões e outro de nove milhões.
Além de entidades públicas, privadas e académicas, o projeto será implementado em oito municípios do Norte: Porto, Vila Nova de Gaia, Matosinhos, Braga, Guimarães, Vila Nova de Famalicão, Viana do Castelo e Oliveira de Azeméis.
A agenda engloba a criação de uma plataforma que permitirá ao utilizador "ver qual é a sequência de meios de transporte que pode utilizar para chegar ao seu destino - e a sequência interligada desses meios - para que a sua viagem tenha impacto zero em carbono".
"Ao ter feito essa escolha ambientalmente responsável, pode receber uma recompensa" quantificada num "conjunto de unidades de moeda virtual, neste caso AYRs [nome do projeto originalmente concebido pelo CEiiA, de Matosinhos], que poderá trocar em produtos, serviços, benefícios que a sua cidade terá para lhe oferecer", explicou Manuel Ramalho Eanes.
Para que tal aconteça, é necessário criar uma plataforma, a cargo da NOS, que interligue "os diferentes meios de transporte como se fossem um único sistema", numa "única base de informação que seja possível consultar e gerir em tempo real, e poder otimizar, não necessariamente em tempo real, mas em modo diferido".
A plataforma poderá também calcular "qual é a poupança de carbono que se gera por ter escolhido esta alternativa, 'versus' a alternativa que era pegar no seu carro ou ido até ao destino ou, no limite, ter pegado num outro meio de transporte poluente".
"A nossa perspetiva é utilizar aqui o 5G, neste caso a vertente do 5G que está orientada para a utilização massiva", explicou Manuel Ramalho Eanes, tendo a NOS a "a capacidade de medir, de forma irreversivelmente anonimizada, movimentos de objetos com alguma precisão, e poder converter essas deslocações depois em medidas que correspondem a carbono evitado".
No âmbito desta agenda mobilizadora do PRR, há um conjunto de peças que têm de ser desenvolvidas, como "uma bicicleta elétrica, um carro elétrico, um autocarro elétrico, estações de carregamento elétricas", itens com "um peso industrial muito significativo".
A plataforma irá ligar-se a cada um desses elementos "para saber onde estão eles a cada momento, e se estão ou não disponíveis e preparados para o servir na sua viagem".
Para o administrador da tecnológica, "o contributo da NOS é esse", ao "sensorizar estes objetos, garantir que eles existem e que são abstraídos por uma rede única", transformando os dados obtidos "em informação que é útil, quer para a gestão da mobilidade por parte das pessoas, quer para a emissão de carbono, do lado do impacto ambiental".
O objetivo deste protótipo é ainda "poder levar para qualquer cidade do mundo este sistema, com todas as suas peças, para que as cidades de todo o mundo possam decidir", ficando Portugal "preparado para exportar para todo o mundo este sistema (...) na sua completude, ou nas peças que cada cidade entenda que é útil implementar".
Além da NOS e o CEiiA, o projeto envolve instituições académicas como as universidade do Minho, Nova de Lisboa, Instituto Superior Técnico ou INEGI, empresas como a Simoldes, Salvador Caetano, Toyota, Siemens, Bosch, OPT, CTT, e EDP e instituições como o Citeve, AYR Neutral ou Associação Porto Digital.
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