José Paulo Fafe falava na comissão parlamentar de Cultura, Comunicação, Juventude e Desporto, numa audição no âmbito do requerimento do Bloco Esquerda (BE) sobre a situação na Global Media Group (GMG).
"Deviam ter chamado uma pessoa", disse, acrescentando "o doutor Proença de Carvalho", porque foi na altura em foi vendida a sede do Diário de Notícias (DN) e Jornal de Notícias (JN).
"Foi nessa gestão que o produto dessas vendas, esse dinheiro, não foi investido em reestruturação ou pagamento de dívidas, foi torrado", insistiu o gestor.
Em 20 de agosto de 2020 foi tornado público que Daniel Proença de Carvalho estava de saída da presidência da Global Media, na sequência do fim do seu mandato.
"Descobri uma sala onde estava mais de um milhão de euros de equipamentos em vídeo, no chão, torraram dinheiro irresponsavelmente", apontou José Paulo Fafe.
No "consulado do doutor Proença de Carvalho" havia um "CEO que ganhava 500 mil euros por ano, aí houve uma gestão muito pouco transparente, para não dizer danosa", salientou, sublinhando que não estava a atribuir responsabilidade ao antigo presidente do grupo.
José Paulo Fafe referiu que a GMG tem um passivo acumulado de quase 50 milhões de euros, "tem dívidas a fornecedores que não estavam na 'due diligence' [investigação] de cinco milhões de euros, um grupo que vai fechar o ano" com prejuízos de "sete milhões de euros", detalhou.
"Até já encontrámos dívidas de 2,1 milhões [de euros] em Macau e 700 mil euros em Malta em empresas de jogo 'online' que nunca funcionaram, ou melhor, de licenças de jogo 'online'", relatou o gestor.
Sobre a 'due diligence' na entrada do fundo da GMG, esta foi "feita" e José Paulo Fafe assinou-a.
Em conversa com o fundo, este terá dito ao presidente executivo da GMG, citado pelo próprio: "Assine porque a verdadeira 'due diligence' vamos fazê-la quando entrarmos".
[Notícia atualizada às 06h51]
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