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Brasileiros e portugueses negoceiam têxteis, fruta e chocolate

Investidores do Brasil e de Portugal estão a negociar parcerias para projetos industriais nos setores de têxtil, frutas e chocolate, que poderão avançar já este ano, disse à Lusa Marco Lessa, conhecido como o empresário do chocolate brasileiro.

Brasileiros e portugueses negoceiam têxteis, fruta e chocolate
Notícias ao Minuto

08:24 - 14/01/24 por Lusa

Economia Negócios

Marco Lessa lidera um grupo de empresários e entidades que procuram promover a aproximação entre investidores do Brasil e de Portugal e explica que o objetivo "é criar pontes, com um diferencial, à velocidade do setor privado".

Este trabalho já estava a ser feito pelo setor público, através das agências de promoção dos dois países, só que sem a velocidade e o "pragmatismo" dos privados, adiantou.

"A liderança e a iniciativa é minha, como CEO do grupo M21, mas numa articulação com agentes do terceiro setor, organizações não-governamentais, cooperativas, associações e agentes governamentais, dos estados e do próprio Governo federal" do Brasil, assumiu.

O grupo brasileiro M21, que começou por ser de comunicação e marketing, do qual Marco Lessa é presidente executivo e coproprietário, cria eventos e projetos inovadores, sendo um dos mais conhecidos o Festival de Chocolate da Baía, que já vai na 34.ª edição, duas das quais realizadas no norte de Portugal pelo empresário, que já prepara a terceira edição portuguesa do evento para outubro deste ano, em Vila Nova de Gaia.

Hoje, o grupo também já está na indústria do chocolate e no comércio de produtos.

Numa entrevista à Lusa, um ano depois de Lula da Silva ter tomado posse como Presidente do Brasil e das relações políticas e económicas entre os dois países se terem intensificado, Marco Lessa afirmou que no que respeita às relações luso-brasileiras tem um lema: "Portugal pode deixar o Brasil melhor e o Brasil pode deixar Portugal maior".

Por isso, além das duas edições do Festival do Chocolate em Portugal, o empresário criou em outubro do ano passado, também em Vila Nova de Gaia, a Casa Brasiliana, um 'hub' de negócios entre marcas e produtos brasileiros e o resto do mundo, um projeto que espera se consolide este ano.

"Hoje já são cerca de 30 marcas de produtos brasileiros na Casa Brasiliana, mas é óbvio que a nossa intenção é ampliar e chegar ao final de 2024 com mais de 100 produtos expostos e à venda dos mais diversos segmentos", anunciou.

O objetivo é que "haja mais investimentos brasileiros em Portugal e mais investimentos portugueses no Brasil, mais 'joint-ventures'", ou seja, passar do comércio e exportação de produtos brasileiros a partir de Portugal, para um processo complementar de industrialização que acrescente valor, afirmou o empresário.

Como exemplo, o empresário apontou o do algodão do Brasil, em especial o da Baía, com um fio longo de "excecional qualidade", mas que ainda não tem uma reputação como o do Peru ou o do Egito nos mercados internacionais.

Ora,"se Portugal tem uma tradição no setor têxtil, porque não fazer uma aproximação desses dois setores e ter um investimento numa operação Portugal-Brasil, fazendo uma primeira etapa de manufatura desse algodão, que chega para transformar em tecido aqui, a partir de fábricas que já existem, principalmente no norte, ou de uma parceria entre os dois países. E a mesma coisa para as frutas", questionou.

Além de negociações entre investidores portugueses e brasileiros para um projeto naquela área, Marco Lessa garante que também já há conversações para um projeto de transformação de frutas tropicais em sumos. E o mesmo pode vir a ser feito para o cacau. "É trazer o cacau quando ele é processado", disse.

"São inúmeras as possibilidades", para que a relação não seja "tão predatória" no sentido de o Brasil ser apenas o fornecedor de matéria-prima, e Portugal e a Europa investirem também na matéria-prima, criando-se uma primeira etapa de manufatura ou até de industrialização completa, mas também pode ser dividido em duas etapas por facilidades tributárias", adiantou.

Por outro lado, o empresário recordou os "inúmeros investimentos de grupos portugueses no setor do turismo no Brasil" e o potencial "incrível de expansão" que ainda existe no país para grupos hoteleiros da Península Ibérica, e, em especial, de Portugal, que também deve ser aproveitado.

Assim, em 2024, existirá "um processo de conversação de setores tanto do têxtil, como das frutas e do cacau, porque já existem empresários brasileiros a manifestarem interesse", garantiu.

Além disto, Marco vai realizar em Portugal, em abril, uma feira de produtos brasileiros, a "Brasil origens week".

*** Ana Tomás Ribeiro, da agência Lusa ***

ATR // VM

Lusa/Fim

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