"Uma vez que o mercado [crédito privado] não está suficientemente regulamentado, é aqui que provavelmente surgirão as crises", afirmou hoje Colm Kelleher num evento na Bloomberg House, em Davos.
E prosseguiu: "Procurar regulamentar excessivamente os bancos, procurar mais capital para o sistema bancário, é uma tese errada".
No fundo, para o gestor, os reguladores estão "a procurar no sítio errado" quando pressionam os bancos a aumentarem o seu capital para resolver as fragilidades do sistema financeiro, já que os chamados "credores-sombra" têm mais probabilidades de ser a fonte da próxima crise.
Na terça-feira, na FT Global Banking Summit, em Londres, Kelleher afirmou que "existe uma bolha de ativos no crédito privado [credores-sombra]", lembrando também que o mercado de crédito privado quase triplicou desde 2015.
O crédito privado tornou-se num instrumento de financiamento cada vez mais procurado pelas empresas de aquisição de outras empresas, uma vez que os bancos se retraíram num contexto de aumento das taxas de juro e de uma diminuição da apetência pelo risco por parte dos investidores.
Alguns bancos estão preocupados com esta mudança, uma vez que a subscrição deste tipo de empréstimos e a sua posterior venda a outros investidores, constitui uma forte fonte de receitas para estes.
Colm Kelleher é o mais recente executivo de topo a alertar para os riscos crescentes do crédito privado.
Em janeiro, os executivos de topo da Pimco alertaram para o facto de este mercado estar pouco regulamentado e carecer de transparência.
Elizabeth McCaul, membro do conselho de supervisão do Banco Central Europeu (BCE), afirmou na terça-feira na FT Global Banking Summit, que os empréstimos não bancários, que incluem dívida privada, são "demasiado opacos".
Os reguladores devem colmatar as "lacunas" de supervisão, uma vez que o mercado em crescimento pode representar riscos sistémicos, salientou.
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