Numa tomada de posição na sequência da proposta de atualização salarial da CGD para 2024, o STEC afirma ser "absolutamente decisivo e urgente" repor o poder de compra dos trabalhadores, e rebate os argumentos da administração da CGD para justificar os aumentos propostos.
A CGD propôs atualizações de 3% na tabela salarial e nas cláusulas de expressão pecuniária (com exceção de diuturnidades, ajudas de custo e abono para falhas, que ficarão sem aumento), segundo a proposta a que a Lusa teve acesso, dizendo que esse aumento somado a outras progressões salariais (desde logo promoções e prémios) levará a massa salarial a subir 5% em 2024.
No mesmo documento, considera que a tabela salarial do banco público já é acima da restante banca e que o crescimento da massa salarial entre 2018 e 2023 foi superior à inflação, pelo que considera houve um "aumento do poder de compra" dos trabalhadores.
Os 3% defendidos pela CGD correspondem a menos de metade dos 7% com um aumento mínimo de 125 euros reivindicados pelo STEC, na proposta que fez chegar à Administração da Caixa no início deste mês.
A primeira reunião negocial foi, entretanto, marcada para o próximo dia 24 do corrente mês, com o STEC a referir que vai procurar "chegar a um acordo justo que defenda os trabalhadores e reformados" da CGD.
Em dezembro, o Governo emitiu um despacho a autorizar as empresas do setor público (em que se inclui a CGD) a aumentar a massa salarial global até 5% em 2024, sendo que a referência por trabalhador é de 3% (o que inclui atualizações salariais, progressões e promoções).
Para o STEC, os argumentos do banco público de que o aumento salarial de 3% está limitado a 5% da massa salarial global "por orientação do acionista (Governo)", revelam que a CGD mostra ser "bastante seletiva" no "cumprimento das orientações do acionista", referindo a propósito que o acionista "recomendou em 2023 um aumento intercalar de 1%... que foi simplesmente ignorado".
Relativamente à comparação da tabela salarial da Caixa com a da restante banca, o STEC considera que "esta afirmação simplista repetida até à exaustão pela Administração mais bem paga da história da CGD, omite que milhares de bancários da restante banca nunca descontaram ou descontam um valor percentual inferior para o Sistema de Proteção Social, ao contrário dos trabalhadores da CGD" que desconta para a Caixa Geral de Aposentações (CGA).
No comunicado hoje emitido, o STEC também contesta a afirmação de que a massa salarial dos trabalhadores da CGD (no período 2018/2023) registou um crescimento superior à inflação (19,7% face a 15,4%), classificando-a como um "grosseiro embuste" porque "milhares de trabalhadores não foram incluídos em promoções, nem receberam qualquer prémio, incentivo ou apoio".
No período em causa, afirma, até se verificou uma quebra do poder de compra dos trabalhadores de 5,9%.
O STEC classifica ainda de "despudorada e enganadora" a afirmação de que a remuneração média dos trabalhadores da CGD é de 2.618 euros, considerando que a maioria "não aufere, nem de perto, nem de longe, tal remuneração, a não ser que a Administração da CGD esteja a considerar as suas próprias remunerações para atingir esses valores".
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