Evergrande continua a vender ativos antes de audiência sobre reestruturação
A construtora chinesa Evergrande anunciou hoje a venda da totalidade da participação num empreendimento no sudeste da China, parte do plano de alienação de ativos para angariar fundos.
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Economia Evergrande
A informação surgiu na véspera de uma nova audiência num tribunal de Hong Kong sobre o plano de reestruturação da empresa, que se tornou emblemática da crise de liquidez no setor imobiliário do país asiático.
A empresa informou que a principal filial, a Hengda Real Estate, chegou a um acordo para vender a participação de 65% num projeto na província de Guangzhou, no sudeste da China, por cerca de 137,6 milhões de yuan (17,9 milhões de euros), de acordo com um comunicado enviado à bolsa de valores de Hong Kong, onde a Evergrande está cotada.
O acordo prevê igualmente a renúncia a 376 milhões de yuan (48,8 milhões de euros) que a Hengda devia sobre o projeto, pelo que a Evergrande poderá registar uma mais-valia de 304 milhões de yuans (39,5 milhões de euros) com a venda.
A Evergrande, que acumula um passivo de quase 330 mil milhões de dólares, entrou em incumprimento há dois anos, depois de ter sofrido uma crise de liquidez devido às restrições impostas por Pequim ao financiamento de construtoras altamente endividadas.
Desde então, o grupo tem tentado desfazer-se dos ativos, angariando o máximo de dinheiro possível, enquanto prepara um plano de reestruturação da dívida.
Na próxima segunda-feira, a empresa enfrenta nova audiência no tribunal de Hong Kong sobre o pedido de liquidação de um credor estrangeiro apresentado contra o grupo, em junho de 2022, adiada por sete vezes, a última das quais no mês passado.
A Evergrande, que tem quase 20 mil milhões de dólares em dívida emitida além-fronteiras, continua a negociar com os credores estrangeiros, embora alguns analistas tenham questionado se uma hipotética liquidação ordenada pelo tribunal de Hong Kong seria reconhecida na China continental, onde o grupo tem a maior parte dos ativos.
O grupo suspendeu várias vezes a votação das propostas de reestruturação, a última das quais em setembro, quando reconheceu que as vendas estavam a ser pior do que o esperado e anunciou que não podia continuar a emitir mais dívida através da principal filial na China.
Além disso, o grupo mergulhou numa nova crise depois de o fundador e presidente, Xu Jiayin, ter sido colocado numa espécie de prisão domiciliária por "suspeita de atividades ilegais".
Estima-se que a Evergrande ainda não tenha terminado a construção e entrega de casas, no valor conjunto de cerca de 604 mil milhões de yuan (cerca de 78,5 mil milhões de euros), o que constitui um dos fatores não financeiros que mais preocupa o Governo chinês pelas possíveis implicações na estabilidade social, uma vez que o imobiliário é uma das principais áreas de investimento das famílias no país.
Uma das principais causas do recente abrandamento da economia chinesa é precisamente a crise no setor, cujo peso no produto interno bruto do país, somando fatores indiretos, está estimado em cerca de 30%, de acordo com alguns analistas.
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