Bloqueio em França preocupa? Por cá (ainda) não há falta de abastecimento

A Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição e a Federação das Indústrias Portuguesas Agroalimentares garantem que não existem, para já, problemas no abastecimento em Portugal, mas não descartam constrangimentos, numa altura em que há camiões portugueses retidos.

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Notícias ao Minuto com Lusa
31/01/2024 07:23 ‧ 31/01/2024 por Notícias ao Minuto com Lusa

Economia

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O protesto em França, que na terça-feira envolveu  1.700 agricultores em 25 pontos de bloqueio em todo o país, não está para já a ter impacto no abastecimento em Portugal, garantiram a Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição (APED) e a Federação das Indústrias Portuguesas Agroalimentares (FIPA). Contudo, podem existir constrangimentos

"Portugal não tem uma dependência significativa de produtos que vêm daquela região, para além do retalho alimentar privilegiar sempre a produção nacional, e, neste momento, não estamos a ter problemas de abastecimento de qualquer produto", afirmou o diretor-geral da APED, Gonçalo Lobo Xavier, numa resposta escrita enviada à agência Lusa.

Segundo a associação, em cima da mesa pode estar, contudo, um eventual impacto do bloqueio nas exportações da agricultura portuguesa, mas, por enquanto, tal "parece não estar a acontecer, pois os camiões com produtos nacionais estão a ser poupados no protesto, embora existam atrasos nos trajetos".

Ainda assim, a APED garante que "está atenta à evolução do que se passa no terreno e às consequências na organização do mercado", notando que o protesto "tem, sobretudo, a ver com a perda de competitividade dos agricultores franceses em relação aos de Itália e Espanha, por exemplo, e aos apoios que outros Estados-membros têm".

Também a FIPA garantiu à Lusa que, por enquanto, não se verificam problemas de abastecimento devido ao bloqueio dos agricultores em França, mas alertou para a possibilidade de alguns constrangimentos.

"É evidente que a situação que se está a passar em França, e que se arrasta já há alguns dias, encerra uma preocupação, relativamente à qual estamos atentos. Não se registam em Portugal, no caso concreto da indústria agroalimentar, nenhumas dificuldades relativamente aos 'stocks'", assegurou o presidente da FIPA, Jorge Henriques, em declarações à Lusa.

A indústria agroalimentar, à semelhança das restantes, está precavida com 'stocks' de segurança, mantendo-se a produzir de uma forma normal.

Contudo, o setor está preocupado, uma vez que o bloqueio está também a afetar, por exemplo, o setor das peças e dos componentes para as máquinas industriais, das quais dependem. Assim, podem vir a registar-se alguns problemas no que diz respeito à manutenção das máquinas.

"Nós não temos, neste momento [...], registo de ruturas naquilo que são as necessidades básicas dos portugueses", vincou.

Há camiões portugueses retidos em França

Na segunda-feira, também em declarações à Lusa, o porta-voz da Associação Nacional de Transportadores Públicos Rodoviários de Mercadorias (Antram) afirmou que vários camiões portugueses estão retidos em toda a França, há uma semana, devido aos bloqueios de agricultores franceses.

"Não conseguimos quantificar, mas há muitos camionistas portugueses retidos devido ao bloqueio dos agricultores em França. Neste momento a situação é muito preocupante, não apenas por ser uma situação que se arrasta há vários dias, mas porque não há visibilidade sobre quando poderá terminar", disse André Matias de Almeida.

Os agricultores franceses estão a bloquear várias estradas no país para denunciar, sobretudo, a queda de rendimentos, as pensões baixas, a complexidade administrativa, a inflação dos padrões e a concorrência estrangeira.

Governo francês tenta acalmar protestos de agricultores com novas medidas

Na terça-feira, refira-se, o recém-nomeado primeiro-ministro de França disse que o Governo está a implementar controlos sobre produtos alimentares estrangeiros, a fim de garantir "concorrência leal" e apaziguar os protestos dos agricultores franceses.

No seu discurso sobre política geral na Assembleia Nacional, Gabriel Attal afirmou que "o objetivo é claro: garantir uma concorrência leal, especialmente para que os regulamentos que estão a ser aplicados aos agricultores [franceses] também sejam respeitados pelos produtos estrangeiros".

O governante também disse que os retalhistas de alimentos que não cumprirem uma lei destinada a garantir uma parcela justa das receitas para os agricultores serão multados a partir de agora.

Leia Também: Agroalimentar sem problemas de abastecimento devido ao bloqueio em França

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