De acordo com a Associação Portuguesa dos Industriais do Calçado, Componentes, Artigos de Pele e Seus Sucedâneos (APICCAPS), o estudo estima que o consumo de calçado deverá aumentar, em média, 13,2% em África, 10,6% na Ásia e 6,4% na América do Sul.
Já na América do Norte e na Europa, os dois mercados de referência para a indústria portuguesa de calçado, os crescimentos serão "menos expressivos", respetivamente de 5,3% e 1,4%, em comparação com 2023.
Segundo o World Footwear Survey, os principais fatores que impulsionam estes crescimentos são "as tendências económicas e demográficas", com países africanos com as taxas de natalidade mais elevadas a nível mundial, como o Níger e Angola, a contribuírem "decisivamente para a crescente procura de calçado".
Adicionalmente, vários outros países africanos, incluindo Moçambique (7%) e Congo (6,7%), registam taxas de crescimento real do Produto Interno Bruto (PIB) muito elevadas, segundo dados do Fundo Monetário Internacional (FMI).
Da mesma forma, na Ásia, realce para os "crescimentos significativos" estimados na Índia (6,3%) e Bangladesh (6%), países que registaram taxas de crescimento real do PIB elevadas em 2023, alimentando ainda mais a procura de calçado.
Pelo contrário, é precisamente uma menor dinâmica económica e demográfica que, em 2024, contribuirá para um crescimento moderado do consumo de calçado na América do Norte e do Sul.
Ainda de acordo com estas estimativas, a Europa é "o continente menos dinâmico no consumo de calçado, com uma taxa de crescimento esperada de 1,4% em 2024".
Citado num comunicado, o porta-voz da APICCAPS refere que a indústria portuguesa de calçado, ao exportar mais de 90% da sua produção, terá o seu desempenho "sempre dependente da evolução dos principais mercados internacionais".
Assim, e "depois de um ano de 2023 muito exigente para as empresas", Paulo Gonçalves espera que 2024 "seja já de alguma recuperação".
"A recuperação da economia alemã e francesa serão boas notícias para o calçado português", nota, embora ressalvando que "os crescimentos esperados para a Europa e EUA continuam muito modestos, o que naturalmente condicionará a atividade exportadora".
De acordo com o World Footwear, em 2022 foram produzidos à escala internacional 24.000 milhões de pares de calçado, 88% dos quais no continente asiático. A quota da Europa na produção global ascendeu a menos de 3% do total global.
No âmbito do World Footwear Survey, 19% dos especialistas mundiais inquiridos dizem acreditar que as marcas internacionais não alteraram a origem de abastecimento de calçado.
Já 81% dos inquiridos dividem-se quase igualmente entre as respostas alternativas: 40% consideram que as marcas internacionais preferem agora dispersar a produção por mais países (diversificando a cadeia de abastecimento) e 41% sugerem que as marcas internacionais privilegiam localizar a produção mais próxima dos mercados consumidores (encurtando a cadeia de abastecimento).
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