De acordo com a agência de notação financeira, "as recentes tentativas do Governo para adiar as eleições presidenciais aumentaram a incerteza económica e política" mas, acrescenta a S&P, "o Tribunal Constitucional decretou que as eleições têm de avançar rapidamente, e por isso o Governo deverá aderir à decisão e marcar as eleições, permitindo uma transferência de poder por volta do dia 02 de abril".
As eleições presidenciais no Senegal deveriam decorrer no domingo, mas, em 03 de fevereiro, o Presidente do país, Macky Sall, ordenou o adiamento do sufrágio, na véspera do início previsto para a campanha eleitoral oficial.
A decisão foi chumbada pelo Conselho Constitucional, e a população continua sem saber quando irá às urnas e se os votos serão depositados antes ou depois de 02 de abril, quando termina oficialmente o mandato de Macky Sall.
A incerteza tem alimentado a tensão e levou um movimento cívico e político a pedir que o escrutínio se realize sem demora.
Para a S&P, "haverá um ligeiro aumento na despesa pública ligado ao adiamento e à incerteza que rodeia as eleições e às consequências dos protestos, mas o início da exploração de grandes projetos de gás vai sustentar as finanças públicas".
Os analistas desta agência de notação financeira estimam que, apesar dos riscos, o país veja o défice orçamental melhorar de 5% em 2023, para 3% em 2026, com a economia 10,5% este ano e 5% em 2025.
O chefe de Estado senegalês reiterou na quinta-feira, numa muito aguardada conferência de imprensa, que sairá de cena no final do mandato, mas manteve o tabu sobre a data das presidenciais.
O Presidente justificou o adiamento com o receio de que, após as disputas acesas durante o processo pré-eleitoral, eleições intensamente disputadas pudessem provocar novos surtos de violência, no seguimento dos ocorridos em 2021 e 2023.
A crise no Senegal, país que faz fronteira com a Guiné-Bissau, foi um dos temas da Cimeira extraordinária que a Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) realizou no sábado em Abuja, a par da decisão, sem precedentes, do Burkina Faso, do Mali e do Níger de abandonarem a organização, em reação às sanções aplicadas na sequência dos golpes militares nesses países.
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