"Hoje já se dorme e come com grande qualidade". E os preços?
O presidente da Associação da Hotelaria de Portugal defende que é preciso afastar a perspetiva de que os preços de alojamento turísticos estão proibitivos para a maioria dos portugueses, já que há oferta de qualidade para todos os rendimentos.
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Economia Hotelaria
"Felizmente, e quem acompanha o setor há muitos anos sabe, que em qualquer lugar deste país hoje já se dorme e come com grande qualidade e para um nível de preços muito, muito alargado. E é uma evidência, não é para responder rapidamente a um tema", começou por dizer Bernardo Trindade à Lusa.
O preço médio dos alojamentos turísticos tem registado aumentos nos últimos anos. Em 2023, dados divulgados pela AHP, indicam que o preço médio por quarto subiu em todas as regiões do país para um valor médio nacional por quarto de 141 euros. Já a taxa de ocupação na hotelaria subiu para 68%, mais sete pontos percentuais do que em 2022.
"Fomos confrontados com uma situação de, digamos, um acréscimo substancial da despesa [eletricidade e gás, serviços prestados, bens alimentares...] e para mantermos estabelecimentos abertos, para podermos pagar os nossos contributos, nomeadamente em primeiro lugar para poder pagar melhores salários, para responder aos encargos que temos com o Estado, designadamente em termos de impostos e taxas, para, no fundo, poder responder a toda a gama de despesa tivemos que, de forma muito madura, ter preços mais elevados", explicou à Lusa o responsável.
Por outro lado, há a questão da qualificação do destino turístico Portugal, que engloba também a "qualificação permanente que uma unidade hoteleira exige para se manter atual", acrescenta, lembrando que "isso carece de investimento" que só é possível concretizar "uma vez, tendo no fundo, verbas ou gerando verbas" que o permitam.
Assim, quando confrontado com a perspetiva de se estar a evoluir para um nível de preços que afastará os portugueses de fazerem férias em Portugal, o presidente da AHP defende que o país "tem hoje uma oferta de alojamento de uma gama muito diversificada, que permite responder aos bolsos dos portugueses em função um bocadinho do seu rendimento disponível".
A este propósito, Bernardo Trindade, que foi secretário de Estado do Turismo entre 2005 e 2011, justifica que quando chegou a Lisboa (o empresário é madeirense) "regiões turísticas organizadas no país havia Lisboa, a Madeira e o Algarve" e que "hoje em qualquer parte deste país, em qualquer concelho, há uma unidade hoteleira com gosto, com qualidade. Há restaurantes com gosto e qualidade, experiências com gosto e qualidade e que permitem uma oferta muitíssimo diversificada".
"Portanto, não temos de ficar acantonados numa perspetiva de depressão nacional em torno dos preços do alojamento. O preço do alojamento é importante que ele seja alto porque, em primeiro lugar, qualifica os destinos - porque faz concorrer com outras realidades com que competimos - e dão margem para que os hoteleiros possam, de alguma maneira, financiar todas as remodelações que só quem anda na hotelaria sabe que são de uma exigência permanente", sublinhou.
No 34.º congresso da hotelaria promovido pela AHP, que decorreu em fevereiro, Bernardo Trindade tinha referido que o setor, apesar dos muito bons resultados que tem obtido, contiua também com muitos desafios pela frente, "desde logo na conta de exploração" das empresas.
Já confrontado com o facto de há, pelo menos, duas décadas o setor se queixar que, por exemplo, só tendo em conta a vizinha Espanha os preços praticados em Portugal subavaliarem um mesmo hotel numa mesma categoria, o responsável diz que essa realidade se mantém.
"É evidente que quando comparamos com as realidades que são as nossas concorrentes, no contexto europeu e internacional, sabemos que para a qualidade que oferecemos praticamos preços que estão sempre na média abaixo dessas realidades", conclui.
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