Plano de emergência para a Saúde "não são boas notícias"

A Frente Comum de sindicatos considerou hoje que o plano de emergência para a Saúde que será apresentado pelo Governo nos próximos meses "não são boas notícias", antevendo um esgotamento do Serviço Nacional de Saúde (SNS).

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© Facebook / Sebastião Santana

Lusa
05/04/2024 12:31 ‧ 05/04/2024 por Lusa

Economia

Frente Comum

"Infelizmente, conhecendo o programa eleitoral, aquilo que lá vem não são boas notícias", disse o coordenador da Frente Comum, Sebastião Santana.

Falando aos jornalistas junto ao Ministério da Saúde, em Lisboa, no âmbito da ação de luta "Defender o SNS, cumprir Abril", Sebastião Santana salientou que o "plano de emergência é para a Saúde e não para o SNS".

"O que antevemos é o esgotar dos recursos do SNS, os recursos financeiros que podiam e deviam estar restritos ao SNS, à sua melhoria, à contratação de pessoal técnico e de outros meios, e não antevemos que isso vá acontecer", afirmou.

Sebastião Santana explicou que a iniciativa de hoje serve para exigir uma política diferente para o setor.

"É por isso que estamos aqui hoje, no âmbito do Dia Mundial da Saúde, que se comemora no domingo, com todos os sindicatos da Frente Comum, a exigir aquilo que exigimos há muito tempo, uma política diferente para a saúde, um reforço objetivo do SNS", sublinhou.

Questionado sobre se é o momento adequado para realizar ações de luta, a poucos dias da tomada de posse do Governo, o também coordenador da Federação Nacional dos Sindicatos dos Trabalhadores em Funções Públicas e Sociais (FNSTFPS) referiu que são conhecidas "as intenções do novo Executivo".

"Conhecemos, sabemos e não fomos nós que inventámos. Foram declarações de membros do Governo que são favoráveis às parceiras público-privadas (PPP), com um resultado danoso, que já houve no passado, nomeadamente na área da Saúde, com uma política liberal que vê a Saúde como um negócio e não com um direito", sustentou.

Na iniciativa "Defender o SNS, cumprir Abril", que juntou várias dezenas de profissionais de saúde, marcaram presença a coordenadora do BE, Mariana Mortágua, e o secretário-geral do PCP, Paulo Raimundo, que lembraram que os problemas do SNS se mantêm.

"Os problemas que havia no SNS, nas várias carreiras da administração pública no dia 09 de março [dia antes das eleições legislativas] mantêm-se hoje e mantêm-se hoje sem nenhuma perspetiva de resolução", observou Mariana Mortágua.

De acordo com a líder bloquista, nos próximos meses vai haver mais manifestações, porque "os problemas só se agravaram".

"Sabemos que há uma ministra [da Saúde] que defende a entrada do privado no SNS, a privatização do acesso ao SNS e uma vaga promessa de cheques-consulta, como se os cheques-consulta resolvessem alguma coisa. Há cheques-cirurgia que não resolvem nada. Há já um recuo, a poucos dias da tomada de posse do Governo, às promessas feitas às carreiras da função pública", observou.

Mariana Mortágua recordou que há "promessas feitas" aos profissionais de saúde, precisando que as suas carreiras têm de ser revistas, os salários respeitados e as condições de trabalho melhoradas.

Também Paulo Raimundo esclareceu que os problemas que existiam antes das eleições legislativas mantêm-se e que há "um caminho de desmantelamento e destruição do SNS", da "vontade de PSD, CDS, IL e Chega, que vem no decurso que foram as opções erradas do PS".

"O acesso à saúde, os problemas da falta de médicos, o problema do não reconhecimento da progressão das carreiras. Tudo isso que existia está aí. E é preciso exigência de mudança que resolva o problema das pessoas e que salvaguarde o SNS", disse Paulo Raimundo.

"Não é cedo, é tarde para defender o SNS. É tarde para exigir resposta aos problemas concretos da vida das pessoas, do acesso aos cuidados de saúde que só o SNS pode dar resposta. Não é tarde, nunca é tarde, para exigir a valorização da carreira destes profissionais", acrescentou.

Leia Também: Duas centenas de elementos da função pública protestam na baixa lisboeta

 

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