BdP acompanha "cuidadosamente" riscos adicionais que impactem economia

O Banco de Portugal (BdP) está a acompanhar "cuidadosamente" algum risco adicional que surja que desacelere a economia europeia e, consequentemente, condicione o desempenho económico de Portugal e do sistema financeiro, disse hoje a vice-governadora.

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© Leonardo Negrão/Global Imagens

Lusa
26/11/2024 20:13 ‧ há 1 hora por Lusa

Economia

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Clara Raposo falava na conferência de imprensa de apresentação do Relatório de Estabilidade Financeira (RF) de novembro.

 

"Há muitos riscos que podem perturbar o desempenho do sistema bancário e nós sabemos que os bancos têm trabalhado muito seriamente para os reduzir ao máximo", afirmou a vice-governadora, quando questionada sobre o tema.

"Temos, de facto, riscos que podem condicionar toda a economia", atendendo à atual instabilidade política que se sente pelo mundo, e porque "Portugal não é uma economia fechada, isolada", prosseguiu, referindo que o país está "muito" condicionado por aquilo que venham a ser desenvolvimentos inesperados.

"Vamos ter que esperar um bocadinho" para perceber que novas políticas económicas e diplomáticas e que novos equilíbrios vão surgir na Europa, Estados Unidos, China, os quais poderão condicionar a atividade económica em Portugal.

A vice-governadora referiu que as previsões do BdP foram feitas na base que "não haverá grandes oscilações".

Naturalmente, "estamos cuidadosamente a acompanhar algum risco adicional que possa surgir que desacelere a economia europeia e que possa condicionar o desempenho da nossa economia e, portanto, também o sistema financeiro", adiantou.

O REF alerta que uma política orçamental expansionista no quadro do novo modelo de regras orçamentais europeias e possíveis atrasos na implementação do PRR poderão condicionar o crescimento económico e a evolução da dívida.

Instado a comentar este alerta, o governador do BdP, Mário Centeno salientou que o relatório "é muito normativo, não há previsões, não há uma questão dos números da execução orçamental porem ou não em causa as previsões porque não é disso que se trata".

Do ponto de vista de identificação de riscos, "um país que tem um nível de dívida que Portugal tem", tendo ainda assim "um comportamento nos últimos anos bastante meritório", em particular no contexto da área do euro, "deve do ponto de vista de acautelar riscos futuros, e é só disso que se trata, conduzir a política orçamental de forma compatível com aquilo que são as regras europeias, prosseguiu Centeno.

O governador remeteu comentários sobre a política orçamental ou sobre a avaliação da Comissão Europeia sobre o Orçamento quando da apresentação das próximas previsões.

"É muito importante, isso é algo que fica muito claro, que o caráter de contenção de riscos que dominou a condução da política monetária já há mais de uma década em Portugal se mantenha porque avaliamos para essa dimensão o contributo muito significativo para aquilo que foi a melhoria da estabilidade financeira do país", salientou Mário Centeno.

Relativamente ao crédito à habitação, registou-se um aumento do número de estrangeiros.

Em 2023 e primeiro semestre deste ano, "a percentagem de novos créditos à habitação, isto já excluindo as renegociações e as transferências, que foram concedidas a cidadãos estrangeiros, foi 18%", afirmou Clara Raposo.

De acordo com o REF, entre dezembro de 2022 e junho de 2024, o peso dos cidadãos estrangeiros no 'stock' de crédito à habitação aumentou de 6,9% para 8,2%.

Trata-se de "uma alteração" face ao que se registava "há alguns anos", sublinhou a vice-governadora.

"E é desse ponto de vista que interessa ao Banco de Portugal acompanhar para percebermos melhor a natureza do crédito que os bancos estão a conceder, a quem, como", prosseguiu, no fundo, perceber o perfil e fazer uma análise.

"É algo que nos interessa estudar para compreender melhor" esta nova realidade.

Segundo o REF, o aumento da população estrangeira residente e a procura de habitação por não residentes contribuem para este crescimento.

"Em termos agregados, este efeito estará também a ser potenciado por uma alteração no perfil de procura, em particular por uma maior procura de habitação própria e permanente por estrangeiros em idade ativa e de escalões etários mais baixos", lê-se no documento.

Leia Também: Aumento do crédito malparado contido apesar das taxas de juro altas

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