"Houve este interregno na legislatura e agora começa outra. Quando é que nos sentamos à mesa?", questionou o secretário-geral da FESAP e SINTAP [Sindicato dos Trabalhadores da Administração Pública], José Abraão, em declarações à agência Lusa, em Ponta Delgada, na ilha de São Miguel, nos Açores.
O sindicalista falava à entrada para uma reunião com os delegados sindicais da administração pública para discutir a legislação recentemente aprovada referente à valorização dos vínculos, remunerações e carreiras dos trabalhadores em funções públicas.
Segundo José Abraão, a FESAP e o SINTAP já pediram audiências aos ministros com as pastas das Finanças, Trabalho e Justiça "com o objetivo de procurar equacionar todas as questões e problemas no contexto da administração pública para as quais "é preciso olhar" e que "sejam efetivamente resolvidas".
"O que esperamos deste Governo é que corresponda à abertura por nós manifestada para a negociação e neste quadro obtermos compromissos calendarizados que promovam no tempo a resolução de problemas e injustiças, mas que melhorem no essencial salários para aqueles trabalhadores que têm estado sistematicamente a perder poder de compra", vincou o líder da FESAP e SINTAP, lembrando há carreiras que "estavam para ser revistas no ano de 2024".
O dirigente sindical defendeu ainda uma negociação com os sindicatos que permita mais investimento nos serviços públicos.
"Queremos compromissos para que se cumpra o acordo celebrado em 2022 que valoriza carreiras, que revê carreiras não revistas, como é o caso de pessoas que trabalham em grande situação de dificuldade", acrescentou, referindo-se, por exemplo, à situação dos técnicos profissionais de reinserção social, a questão da polícia municipal, as carreiras de inspeção, nomeadamente das pescas, para as quais "também se justifica a atribuição daquilo que for atribuído às Forças de Segurança".
Questionado sobre a carta que o secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, escreveu segunda-feira ao primeiro-ministro, o dirigente sindical disse "valorizar" qualquer iniciativa que tenha como objetivo "valorizar os trabalhadores e as carreiras, assim como corrigir injustiças" como é o caso dos professores, das forças de segurança e dos oficiais de justiça.
O secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, escreveu ao primeiro-ministro disponibilizando-se para negociar um acordo que, em 60 dias, resolva a situação de certos grupos profissionais da administração pública.
Numa carta dirigida a Luís Montenegro, à qual a agência Lusa teve acesso, Pedro Nuno Santos acrescenta que "a disponibilidade do PS para este acordo pressupõe uma negociação prévia com as organizações representativas dos trabalhadores".
"Estou certo de que será possível trabalhar no sentido de construir esse acordo num prazo de sessenta dias, por forma a resolver a situação destes profissionais da Administração Pública ainda antes do fim do período de funcionamento da Assembleia da República, em julho deste ano", lê-se na carta de uma página, assinada por Pedro Nuno Santos.
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